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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Assim Sucedeu

Assim,
Começou assim
Uma coisa sem graça
Coisa boba que passa
Que ninguém percebeu

Assim,
Depois ficou assim
Quis fazer um carinho,
Receber um carinho,
E você percebeu

Fez-se uma pausa no tempo
Cessou todo meu pensamento
E como acontece uma flor
Também acontece o amor

Assim,
Sucedeu assim,
E foi tão de repente
Que a cabeça da gente
Vira só coração
Não poderia supor
Que o amor nos pudesse prender,
Abriu-se em meu peito um vulcão
E nasceu a paixão

Tom Jobim

sábado, 9 de janeiro de 2010

O amor, quando se revela...

Eu queria escrever hoje um verso meu. Mas me vem Cazuza, me vem Pessoa, me vem Chico Buarque na cabeça... e eles são tão perfeitos na definição dos sentimentos, que eu me pergunto: pra que é que eu vou criar algo novo, se o que eu quero dizer já tá mais do que dito, e muito bem dito, pelos mestres da poesia?
Tipo assim:

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

sobre o mar

mas quem é que vai me explicar? será o mar? quem é que vai me dizer? por onde ir? a quem amar? que mão pegar? a tarde inteira não é o bastante, não há onda atrás de onda que me alcance, não há beijo nem um cheiro que não me encante, não há mente que não me engane. e se eu errar mais uma vez, quem é que vai me tirar? quem é que vai me mostrar? como voltar? como enxergar? a que ignorar? se um coração cheio de chagas, um bobo, um lobo, um doente que não vale a água; e por que caras, ele precisa latejar? e por que cargas, ele não tem amor pra dar? eu quero um olho, um revolto, um estômago que seja meu, que seja louco; eu quero paz, quero saber se essa loucura é mesmo minha, é mesmo nossa, é mesmo linda. ou se é uma fossa. se meu peito quer sair voando, é ele santo, é ele certo em me dizer que lhe impulsione? porque se alguém inda disser que eu lhe mereço, eu planto um dedo, eu ponho a roda, puxo a saia da baiana, se tiver. eu vou com sede ao pão-de-mel que ela me der.