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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Expectativas

Ai desses corações que exigem tanto
Pois hão de ter menos que pretendem

Se há uma lição que ensina o tempo
Esta há de ser a da verdade
De que expectativas servem nada mais que de consolo
Aos olhos e mentes - e o peito - que tanta sede
Têm de achar o que lhes compraz

Mas de tudo o que resta é a ilusão
A fé que aos poucos vira cinza
E da cinza, muitas vezes, vem a raiva
Criada pelos olhos e a mente - e também o coração.
Pois de tudo o que tinham planejado, restar-lhes-á, apenas,
A dura e crua, talvez doce, realidade.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sobre o sexo

Não é uma questão de dar. É bem mais complexo que isso.
Nada a ver com virgindade, relação de poder, comparação de status; nada com imagem ou seja lá o que mais se passa na cabecinha das pessoas.
Sexo é - ou pelo menos deve ser, de acordo com a minha humilde e dispensável opinião - um encontro de você consigo mesmo. Id com Ego.
Se vai ser uma conversa franca, uma troca de acusações ou uma relação de paz, alegria e tranquilidade, quem vai definir são (i) o sentimento que você tem pela pessoa com quem está; (ii) a tentativa (ou não) de aproximação da atitude consumada pelos personagens com os princípios que traçam o seu caráter. Ninguém mais tem nada que opinar.
O ato sexual - e aí cabe a cada um demarcar o significado do termo para si - não existe para ser alvo de comentários e julgamentos alheios ao casal (e variações). Os seres humanos, mesmo que muitas vezes não se utilizem dele, possuem o dom de reconhecer e, a partir daí, satisfazer suas necessidades físicas, psicológicas e afetivas.
Qual é o problema da humanidade no que diz respeito à "satisfação de vontades"? E ainda, realizar os desejos de outra pessoa também?! Contanto que não traga prejuízos diretos aos semelhantes (afinal todas as pessoas são iguais em importância), é propagação de paz e amor, apenas. Tá, que seja sacanagem, mas continua sendo paz. E ainda assim os olhos do preconceito, totalmente hipócritas (típico) fingem não ser tão perversos (talvez sejam piores) quanto os pagãos. E dá-lhe pedrada.
Mas voltando aos caprichos. É importante ressaltar, mais uma vez, que não circulo aqui apenas aqueles que se manifestam através do corpo e sim, da mesma forma, os da alma. Anseios e dúvidas que, quando trabalhado com ponderação, o sexo dissolve. A intimidade crua que ele proporciona define as relações. Seja para bem, seja para mal, seja para a continuação. Conhecer a si mesmo, conhecer a realidade que lhe cerca; eis o resumo do progresso.
E sempre haverão os céticos, os realistas e os conservadores a tentar privar-nos da beleza que é viver a vida em partes, em dias!, e não como um todo.
Deixar de agir hoje por medo do que acontecerá amanhã é característica de quem tem experiência de vida. (In)felizmente eu sou apenas mais uma que não sabe nada da vida. E sabe que me conforta saber que, quando eu souber alguma coisa, ainda assim não esquecerei da intensidade em que vivi na ignorância? E se o resultado disso é para mim, e mais ninguém, então que seja a mim, e a mais ninguém, que eu convença.
Cada indivíduo tem na manga a carta de ser o único a poder ver sua vida como um todo, enquanto os outros vêem apenas atitudes isoladas. Poucos, no entanto, usam-na.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nozes

Tenho observado com cautela o comportamento das pessoas e suas atitudes na vida em sociedade. E seja no ambiente corporativo, familiar, político, social, enfim, qualquer que seja o meio no qual estejam inseridas, preocupa-me a instabilidade, a ausência de propósitos, a fragilidade das personalidades, ante questões diversas que lhes são impostas.
As pessoas parecem tomadas por um senso de urgência, um imediatismo subserviente, através dos quais manifestam-se em defesa de interesses de curto prazo, pontuados isoladamente e localmente, como se estivessem desconectadas do organismo social.
Políticos fazem alianças historicamente incongruentes em troca de alguns minutos adicionais no horário eleitoral gratuito, independentemente da dissonância ideológica e pragmática futura em caso de êxito no pleito. Profissionais travam um verdadeiro jogo de xadrez em suas companhias prejudicando o colega da mesa ao lado em lances ardilosos engendrados nos corredores e nas pausas para o café, em busca de uma notoriedade que pretensamente lhes venha conferir uma maior remuneração. Amigos cultivados ao decorrer de anos capitulam nos momentos mais críticos, negligenciando ajuda e apoio. Familiares desagregam-se ao primeiro sinal de dificuldade econômica. Pais apregoam a ética a seus filhos, enquanto ultrapassam veículos pelo acostamento no final de semana, tendo-os por testemunhas.
Há uma inversão recorrente dos valores, da ética, da moral, do caráter. As pessoas deixam de ser o que sempre foram e passam a estar o que lhes convém.

COELHO, Tom. Comportamento Humano. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/comportamento_colunas_2003_setembro4.htm>. Acesso em: 11 dez. 2008.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Saber poético

No dia em que você enxergar beleza e principalmente vida nas coisas mais simples e inertes. Neste dia você vai saber fazer poesia, disse ela.

Evento Social

Abriu os olhos ainda sonolentos, tomou um rápido banho frio e pôs-se a olhar no espelho. Seu rosto mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha guardados os motivos. Soltava frases tolas e impacientes - talvez ríspidas -; era o que tinha para hoje. E para ontem. E para amanhã também.
Acompanhada pela quadrilha, chegou, armada quase até os dentes (na verdade esquecera uma parte da munição em casa, o que lhe rendeu a desaprovação geral das companheiras) ao destino final. Passaram todas sem maiores complicações pela ingênua (ou seria indiferente?) segurança que revistava os "privilegiados" que entravam, e depois iniciaram, de forma lenta, o ritual.
A divisão de classes na parte interna era clara. Os donos do espaço haviam reformado a casa para adaptar-se aos caprichos de seus clientes e o que antes era uma extensão comum havia se transformado num labirinto. Se o número de pessoas não fosse suficiente para atravancar a passagem, havia os ferros, demarcando a superfície destinada a cada grupo.
O tamanho do cercado variava de acordo com o poder aquisitivo do ajuntamento. Mais importante, entretanto, que as dimensões do redil (que até podiam ser pequenas, fosse também o número de pessoas - animais? - a serem "guardadas") era ter uma garrafa de Grey Goose sobre a mesa.
O ponto de abstração crítica terminou sendo, como não raras as vezes, a música. Era alta e bem expressada... tão bonita e entusiasmante que aqueles seres humanos chegaram a parecer amigáveis. Pareciam felizes.
Mais sorrisos. O rosto agora mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha vivo o espírito da tranquilidade e da paz. Tudo era engraçado. Até a arrogância da loira abrindo caminho para chegar ao seu camarote VIP. Pulso quebrado e ar de Lady Di, olhando por cima dos ombros. Engraçado. Não sei se por causa da música ou pelo fato de ela ter dado de cara com os ferros do cercadinho na altura do quadril: "aiii, aqui não passa!!!".
A missão da quadrilha, que acabou não sendo mencionada no texto, incluía extermínio de pequenos animais (verdes) e choque mental social. Bom, apesar de alguns contratempos como dificuldade de comunicação/expressão, desconfiança e perturbação, ambas foram concluídas com êxito. E diversão.
O fim da noite contou com videogame... desenhos. Enfim. Um a um, morreram todos os soldados caricaturados. Os mais resistentes - estranhos, bizarros, curiosos - já não se entendiam. Haviam se mantido bem, isso é fato, mas lhes restava pouco. Pouco tempo, pouca energia, pouca razão. Dormir, dormir. Vermelho. Em Brasília, 19 horas. Pensou... pensou... pensou...
E fechou os olhos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Não tem crise

Do diretor de criação de uma agência, sobre a crise mundial.

"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.

Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.

Gente faminta.

Gente pobre.

Gente sem futuro.

Durante décadas, vimos essas imagens.

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.

São imagens de miséria que comovem.

São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá, sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver problema da fome no mundo.
Resolver, capisce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia."

All your fault



[You've already won me over in spite of me]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Just GO HOME!

Actually we gotta abstract ourselves off this sick jungle of rocks. And computers. And life. This whole nonsense circle of stress and rudeness, where people think power and reason mean intelectual superiority. Human superiority. Bunch of ignorants. Bunch of blind stupid ignorants, completely unable to see the world as an extention from the past. Go to hell with your moment of shit, go to hell with your small and insignificant thoughts. Things come back around(your enviable experience should have tell you that!). Your fuckin shit will get solved in the end. Go to hell. Look at yourself, just for once, idiot. And go to the fuckin hell.

(...)

We gottabstract... We gottabstract... I´ve gottabstract! That is social life, and our own life would not work that well if we didn´t make it.

Oh whatever!!! TO HELL!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O que você faria se não tivesse MEDO?

Pularia de pára-quedas sem pára-quedas? Beijaria seu suposto "apenas bom amigo"? Contaria suas maiores loucuras para a sua mãe mega-religiosa? Mandaria seu chefe à merda? Mataria alguém? Transaria sem camisinha a vida inteira?

Há quem diga que não faria nada. Há quem defenda o medo. Enfim, ele é bom e é ruim, a intenção aqui não é discutir sobre sua importância para nossa sobrevivência ou boa convivência.

O que me interessa é a relação do medo com a afetividade. O medo nas situações pueris.

Qualquer um confessa que não teria coragem de cuturar uma cobra venenosa com o dedinho. É simples admitir que sair pelado na rua não é tarefa para qualquer um. Ninguém, contudo, gosta de dizer que não ligou para o fulano porque deu MEDO de levar um "não". É muito mais simples jogar a culpa na arrogância: "Deixa ele ficar mais ansioso..."

Medo de dizer "eu te amo" e não ouvi-lo de volta com a mesma sinceridade. Medo de olhar nos olhos, contar um segredo de Estado e a resposta ser uma bela de uma gargalhada. Medo de não ser aceito, de não ser como os outros querem que sejamos.

São esses os medos que mudam nossa vida, não o medo de se queimar nas lavas de um vulcão.

Quando questionamos as pessoas, "o que você faria se não tivesse medo?", nós as encorajamos. A impressão que dá é de que o receio fica menos significativo, e percebê-lo tolo impulsiona o outro para a superação do desafio.

Nem todos os medos são positivos, muitas vezes os que circundam nossa vida social são muito mais negativos que qualquer outra coisa. E muitos são fáceis de driblar: falta coragem.

O maior medo que deveríamos ter, contudo, é o de que a vida não vai esperar eternamente pela nossa ousadia.