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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Paradoxo racional

Como dizer "eu te amo" e "adeus" ao mesmo tempo? Qual o sentido de uma vida não vivida? Vivida pela metade, vivida sem intensidade? Qual o sentido de uma vida sem amor? Por que abrir mão das borboletas na barriga? Por que evitar o sofrimento se ele só pode ser evitado em detrimento da felicidade? E se abrir mão da felicidade for o próprio sofrimento? A complexidade da razão humana atinge níveis paradoxais. Irracionais. A preservação de si e de outrem nos tolhe a vida. Minimiza as experiências. Nos joga para o centro, para o morno, para a mesmice. Quantas pessoas você conhece que juntaram os pedaços de seu coração e lhe entregaram ao desconhecido novamente, destemidos? Fosse ele, o coração - a própria vítima - quem mandasse nisso tudo, se jogaria de novo. Haveria muito mais vida no mundo. O equilíbrio entre o emocional e o racional é que desequilibra o solo dos amantes. É o que faz reverberar e gerar dúvidas, anseios, julgamentos, análises, pensamentos, inseguranças, medos. A intensidade nos assusta, até amor demais nos assusta. Estamos acostumados além da conta com esse meio termo insano. Domesticados pelo tempo, é o que somos. O que faríamos se não tivéssemos medo?
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Relembrando o post de 30 de julho de 2013:

"Acredito que se um homem vivesse a sua vida plenamente, desse forma a cada sentimento, expressão a cada pensamento, realidade a cada sonho, acredito que o mundo beneficiaria de um novo impulso de energia tão intenso que esqueceríamos todas as doenças da época medieval e regressaríamos ao ideal helênico, possivelmente até a algo mais depurado e mais rico do que o ideal helênico. Mas o mais corajoso homem entre nós tem medo de si próprio. A mutilação do selvagem sobrevive tragicamente na autonegação que nos corrompe a vida. Somos castigados pelas nossas renúncias. Cada impulso que tentamos estrangular germina no cérebro e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e acaba com o pecado, porque a ação é um modo de expurgação. Nada mais permanece do que a lembrança de um prazer, ou o luxo de um remorso. A única maneira de nos livrarmos de uma tentação é cedermos-lhe. Se lhe resistirmos, a nossa alma adoece com o anseio das coisas que se proibiu, com o desejo daquilo que as suas monstruosas leis tornaram monstruoso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos do mundo ocorrem no cérebro. É também no cérebro, e apenas neste, que ocorrem os grandes pecados do mundo."

Oscar Wilde

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