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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Expectativas

Ai desses corações que exigem tanto
Pois hão de ter menos que pretendem

Se há uma lição que ensina o tempo
Esta há de ser a da verdade
De que expectativas servem nada mais que de consolo
Aos olhos e mentes - e o peito - que tanta sede
Têm de achar o que lhes compraz

Mas de tudo o que resta é a ilusão
A fé que aos poucos vira cinza
E da cinza, muitas vezes, vem a raiva
Criada pelos olhos e a mente - e também o coração.
Pois de tudo o que tinham planejado, restar-lhes-á, apenas,
A dura e crua, talvez doce, realidade.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Sobre o sexo

Não é uma questão de dar. É bem mais complexo que isso.
Nada a ver com virgindade, relação de poder, comparação de status; nada com imagem ou seja lá o que mais se passa na cabecinha das pessoas.
Sexo é - ou pelo menos deve ser, de acordo com a minha humilde e dispensável opinião - um encontro de você consigo mesmo. Id com Ego.
Se vai ser uma conversa franca, uma troca de acusações ou uma relação de paz, alegria e tranquilidade, quem vai definir são (i) o sentimento que você tem pela pessoa com quem está; (ii) a tentativa (ou não) de aproximação da atitude consumada pelos personagens com os princípios que traçam o seu caráter. Ninguém mais tem nada que opinar.
O ato sexual - e aí cabe a cada um demarcar o significado do termo para si - não existe para ser alvo de comentários e julgamentos alheios ao casal (e variações). Os seres humanos, mesmo que muitas vezes não se utilizem dele, possuem o dom de reconhecer e, a partir daí, satisfazer suas necessidades físicas, psicológicas e afetivas.
Qual é o problema da humanidade no que diz respeito à "satisfação de vontades"? E ainda, realizar os desejos de outra pessoa também?! Contanto que não traga prejuízos diretos aos semelhantes (afinal todas as pessoas são iguais em importância), é propagação de paz e amor, apenas. Tá, que seja sacanagem, mas continua sendo paz. E ainda assim os olhos do preconceito, totalmente hipócritas (típico) fingem não ser tão perversos (talvez sejam piores) quanto os pagãos. E dá-lhe pedrada.
Mas voltando aos caprichos. É importante ressaltar, mais uma vez, que não circulo aqui apenas aqueles que se manifestam através do corpo e sim, da mesma forma, os da alma. Anseios e dúvidas que, quando trabalhado com ponderação, o sexo dissolve. A intimidade crua que ele proporciona define as relações. Seja para bem, seja para mal, seja para a continuação. Conhecer a si mesmo, conhecer a realidade que lhe cerca; eis o resumo do progresso.
E sempre haverão os céticos, os realistas e os conservadores a tentar privar-nos da beleza que é viver a vida em partes, em dias!, e não como um todo.
Deixar de agir hoje por medo do que acontecerá amanhã é característica de quem tem experiência de vida. (In)felizmente eu sou apenas mais uma que não sabe nada da vida. E sabe que me conforta saber que, quando eu souber alguma coisa, ainda assim não esquecerei da intensidade em que vivi na ignorância? E se o resultado disso é para mim, e mais ninguém, então que seja a mim, e a mais ninguém, que eu convença.
Cada indivíduo tem na manga a carta de ser o único a poder ver sua vida como um todo, enquanto os outros vêem apenas atitudes isoladas. Poucos, no entanto, usam-na.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nozes

Tenho observado com cautela o comportamento das pessoas e suas atitudes na vida em sociedade. E seja no ambiente corporativo, familiar, político, social, enfim, qualquer que seja o meio no qual estejam inseridas, preocupa-me a instabilidade, a ausência de propósitos, a fragilidade das personalidades, ante questões diversas que lhes são impostas.
As pessoas parecem tomadas por um senso de urgência, um imediatismo subserviente, através dos quais manifestam-se em defesa de interesses de curto prazo, pontuados isoladamente e localmente, como se estivessem desconectadas do organismo social.
Políticos fazem alianças historicamente incongruentes em troca de alguns minutos adicionais no horário eleitoral gratuito, independentemente da dissonância ideológica e pragmática futura em caso de êxito no pleito. Profissionais travam um verdadeiro jogo de xadrez em suas companhias prejudicando o colega da mesa ao lado em lances ardilosos engendrados nos corredores e nas pausas para o café, em busca de uma notoriedade que pretensamente lhes venha conferir uma maior remuneração. Amigos cultivados ao decorrer de anos capitulam nos momentos mais críticos, negligenciando ajuda e apoio. Familiares desagregam-se ao primeiro sinal de dificuldade econômica. Pais apregoam a ética a seus filhos, enquanto ultrapassam veículos pelo acostamento no final de semana, tendo-os por testemunhas.
Há uma inversão recorrente dos valores, da ética, da moral, do caráter. As pessoas deixam de ser o que sempre foram e passam a estar o que lhes convém.

COELHO, Tom. Comportamento Humano. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/comportamento_colunas_2003_setembro4.htm>. Acesso em: 11 dez. 2008.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Saber poético

No dia em que você enxergar beleza e principalmente vida nas coisas mais simples e inertes. Neste dia você vai saber fazer poesia, disse ela.

Evento Social

Abriu os olhos ainda sonolentos, tomou um rápido banho frio e pôs-se a olhar no espelho. Seu rosto mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha guardados os motivos. Soltava frases tolas e impacientes - talvez ríspidas -; era o que tinha para hoje. E para ontem. E para amanhã também.
Acompanhada pela quadrilha, chegou, armada quase até os dentes (na verdade esquecera uma parte da munição em casa, o que lhe rendeu a desaprovação geral das companheiras) ao destino final. Passaram todas sem maiores complicações pela ingênua (ou seria indiferente?) segurança que revistava os "privilegiados" que entravam, e depois iniciaram, de forma lenta, o ritual.
A divisão de classes na parte interna era clara. Os donos do espaço haviam reformado a casa para adaptar-se aos caprichos de seus clientes e o que antes era uma extensão comum havia se transformado num labirinto. Se o número de pessoas não fosse suficiente para atravancar a passagem, havia os ferros, demarcando a superfície destinada a cada grupo.
O tamanho do cercado variava de acordo com o poder aquisitivo do ajuntamento. Mais importante, entretanto, que as dimensões do redil (que até podiam ser pequenas, fosse também o número de pessoas - animais? - a serem "guardadas") era ter uma garrafa de Grey Goose sobre a mesa.
O ponto de abstração crítica terminou sendo, como não raras as vezes, a música. Era alta e bem expressada... tão bonita e entusiasmante que aqueles seres humanos chegaram a parecer amigáveis. Pareciam felizes.
Mais sorrisos. O rosto agora mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha vivo o espírito da tranquilidade e da paz. Tudo era engraçado. Até a arrogância da loira abrindo caminho para chegar ao seu camarote VIP. Pulso quebrado e ar de Lady Di, olhando por cima dos ombros. Engraçado. Não sei se por causa da música ou pelo fato de ela ter dado de cara com os ferros do cercadinho na altura do quadril: "aiii, aqui não passa!!!".
A missão da quadrilha, que acabou não sendo mencionada no texto, incluía extermínio de pequenos animais (verdes) e choque mental social. Bom, apesar de alguns contratempos como dificuldade de comunicação/expressão, desconfiança e perturbação, ambas foram concluídas com êxito. E diversão.
O fim da noite contou com videogame... desenhos. Enfim. Um a um, morreram todos os soldados caricaturados. Os mais resistentes - estranhos, bizarros, curiosos - já não se entendiam. Haviam se mantido bem, isso é fato, mas lhes restava pouco. Pouco tempo, pouca energia, pouca razão. Dormir, dormir. Vermelho. Em Brasília, 19 horas. Pensou... pensou... pensou...
E fechou os olhos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Não tem crise

Do diretor de criação de uma agência, sobre a crise mundial.

"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.

Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.

Gente faminta.

Gente pobre.

Gente sem futuro.

Durante décadas, vimos essas imagens.

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.

São imagens de miséria que comovem.

São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá, sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver problema da fome no mundo.
Resolver, capisce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia."

All your fault



[You've already won me over in spite of me]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Just GO HOME!

Actually we gotta abstract ourselves off this sick jungle of rocks. And computers. And life. This whole nonsense circle of stress and rudeness, where people think power and reason mean intelectual superiority. Human superiority. Bunch of ignorants. Bunch of blind stupid ignorants, completely unable to see the world as an extention from the past. Go to hell with your moment of shit, go to hell with your small and insignificant thoughts. Things come back around(your enviable experience should have tell you that!). Your fuckin shit will get solved in the end. Go to hell. Look at yourself, just for once, idiot. And go to the fuckin hell.

(...)

We gottabstract... We gottabstract... I´ve gottabstract! That is social life, and our own life would not work that well if we didn´t make it.

Oh whatever!!! TO HELL!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O que você faria se não tivesse MEDO?

Pularia de pára-quedas sem pára-quedas? Beijaria seu suposto "apenas bom amigo"? Contaria suas maiores loucuras para a sua mãe mega-religiosa? Mandaria seu chefe à merda? Mataria alguém? Transaria sem camisinha a vida inteira?

Há quem diga que não faria nada. Há quem defenda o medo. Enfim, ele é bom e é ruim, a intenção aqui não é discutir sobre sua importância para nossa sobrevivência ou boa convivência.

O que me interessa é a relação do medo com a afetividade. O medo nas situações pueris.

Qualquer um confessa que não teria coragem de cuturar uma cobra venenosa com o dedinho. É simples admitir que sair pelado na rua não é tarefa para qualquer um. Ninguém, contudo, gosta de dizer que não ligou para o fulano porque deu MEDO de levar um "não". É muito mais simples jogar a culpa na arrogância: "Deixa ele ficar mais ansioso..."

Medo de dizer "eu te amo" e não ouvi-lo de volta com a mesma sinceridade. Medo de olhar nos olhos, contar um segredo de Estado e a resposta ser uma bela de uma gargalhada. Medo de não ser aceito, de não ser como os outros querem que sejamos.

São esses os medos que mudam nossa vida, não o medo de se queimar nas lavas de um vulcão.

Quando questionamos as pessoas, "o que você faria se não tivesse medo?", nós as encorajamos. A impressão que dá é de que o receio fica menos significativo, e percebê-lo tolo impulsiona o outro para a superação do desafio.

Nem todos os medos são positivos, muitas vezes os que circundam nossa vida social são muito mais negativos que qualquer outra coisa. E muitos são fáceis de driblar: falta coragem.

O maior medo que deveríamos ter, contudo, é o de que a vida não vai esperar eternamente pela nossa ousadia.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Canção do amor que chegou

Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim

Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dead

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Gostar de mulher

Não se trata de gostar de mulher no sentido sexual, ter tesão por mulher nua, essas coisas. Isso também pode ter, mas trata-se de gostar de mulher, num sentido mais profundo. Gostar do universo feminino, observar que cada cuequinha é única, tem uma rendinha diferente e ficar entretido com isso. Não basta ser heterossexual, o machão latino. Para gostar de verdade de uma mulher, são necessários outros requisitos que são raros.

Por isso as mulheres em geral andam insatisfeitas. Sensibilidade é fundamental, paciência também. O homem que não tem paciência para ouvir a necessidade que a mulher tem de falar ou sensibilidade para cativá-la a cada dia, não gosta de mulher. Pode gostar de sexo com mulher, o que é bem diferente. Gostar de mulher é algo além, é penetrar no seu universo, deliciar-se com o modo com que ela conta todo o seu dia, minuto por minuto, quando chega do trabalho. Ficar admirando o seu corpo, ser um verdadeiro devoto do corpo feminino, as curvas, o cabelo, seios.

Mas também cultivar a sagacidade feminina, sua intuição, admirar o seu sorriso, que é muito mais espontâneo que o nosso. Gostar de mulher é querer fazê-la feliz, levar flores sem nenhum motivo a não ser o de ver o seu sorriso. É ouvir pacientemente todas as suas queixas. O homem que gosta de mulher não está preocupado em quantas mulheres ele comeu durante a vida, mas sim, com a qualidade do sexo que teve. Quantas mulheres ele realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, amadas, únicas, deusas, na cama e na vida.

O homem que gosta de mulher, não come mulher. Ele penetra não só no corpo, mas na alma, respirando, sentindo, amando cada pedaço do corpo, e, é claro, da personalidade. "Para viver um grande amor é necessário ser da sua mulher por inteiro", afirmou Vinícius de Moraes no poema; Para amar verdadeiramente uma mulher, o homem deve ser totalmente fiel, jamais trai-la! Amá-la até na raiz dos cabelos. Admirá-la, deixar-se apaixonar todo dia pelo seu sorriso ao despertar e principalmente conquistá-la, seduzi-la, como se fosse a primeira vez. O homem que não tem paciência, nem tesão, nem competência para seduzi-la várias e várias vezes, esse, não se iluda, não gosta nem um pouco de mulher.

Conquistar o corpo e a alma de uma mulher é algo tão gratificante que tem que ser tentado várias vezes. Só que alguns homens, os que não gostam de mulher, querem conquistar várias mulheres. Os que gostam de mulher é que conquistam várias vezes a mesma mulher. E isso nos gratifica, nos fortalece e nos dá uma nova dimensão. A dimensão da poesia, do amor e em última instância, do impenetrável universo feminino. Gostar de mulher e penetrar no seu universo, não é torná-las cativas, e, sim, libertá-las, admirá-las na sua insuperável liberdade.

Uma das músicas com que mais me identifico é uma em inglês – por incrível que pareça. “Have you really ever loved a woman.” do cantor Bryan Adams. A música foi tema do filme Don Juan de Marco, e numa tradução livre, quer dizer “Já amou realmente uma mulher?". Por toda a música o cantor fala sobre a necessidade de se conhecer os pensamentos femininos, sonhos, dar-lhe apoio, para amar realmente uma mulher. Essa música é perfeita. Como se vê, gostar de comer mulher é fácil, agora, gostar de mulher, é dificílimo!

Autor desconhecido

Have you really ever loved a woman, man?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Em defesa dos poetas

Pois eles deixam o mundo mais belo. Estimulam a bondade das almas. São eles os que defendem as flores, as árvores, o que é bonito na sua simplicidade, e tudo o que não tem defesa própria.
Faça o teste: abra um livro. Coragem, vai. Abra um livro bom! Poesia. Vinicius de Moraes, Fernando Pessoa, velho Braga, Rubem Alves...

ALVES, Rubem. O Amor que Acende a Lua: em defesa das árvores.

Os que têm poder não lêem, e se lêem não levam a sério. As razões que movem a política são as razões dos machados e das serras; não são as razões da beleza. Escrever, pra quê? Para sensibilizar o vizinho que gosta mais de um muro que de um ipê.

Se o mundo fosse povoado apenas por poetas e escritores não haveria guerra.
Um bom livro sempre nos deixa com o coração mais leve.
Coragem, vai.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

E daí

Proibiram que eu te amasse
Proibiram que eu te visse
Proibiram que eu saísse
E perguntasse a alguém por ti
Proíbam muito mais
Preguem avisos
Fechem portas
Ponham guisos
Nosso amor perguntará
E daí, e daí
Daí por mais cruel perseguição
Eu continuo a te adorar
Ninguém pode parar meu coração
Que é teu

Gal Costa

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O caçador de pipas

Virei, então, e saí correndo.
Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.
Mas me agarrei aquilo. Com os braços bem abertos.
Porque, quando chega a primavera, a neve cai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse testemunhado o primeiro floco que se derretia.

- The Kite Runner

AINDA não li.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

sobre o tempo

ah, bem melhor seria poder viver em paz, sem ter que sofrer, sem ter que chorar, sem ter que querer, sem ter que se dar. mas tem que sofrer, mas tem que chorar, mas tem que querer pra poder amar. ah, mundo enganador, paz não quer mais dizer amor. ah, não existe coisa mais triste que ter paz e se arrepender, e se conformar e se proteger de um amor a mais. o tempo de amor é tempo de dor. o tempo de paz não faz nem desfaz. ah, que não seja meu o mundo onde o amor morreu.

tempo de amor - vinícius de moraes e baden powell


faz tanto tempo que eu não me encho de sentimentos que chega a ser estranho parar pra escrever. não ultrapassa as amarras da razão se não transborda ou não é rebelde. vira chafé; sem graça. é como ela dizia: você gosta é de emoção. é de chacoalho. de não dormir chorando uma noite e sorrir no dia seguinte.


"não existe coisa mais triste que ter paz, e se arrepender, e se conformar, e se proteger, de um amor amar..."

terça-feira, 8 de julho de 2008

Admirável Mundo Novo

Sob sugestão da amiga Sibelli.

"A vida faz de nós máquinas, mas enquanto tivermos sentimentos seremos humanos..."

Hoje não quero escrever. Quero poupar idéias e fazer sobrar ações. Quero magoar muitos e fazer outros fatalmente felizes. Quero perder amigos e colecionar amantes. Quero revelar sentimentos que lutei para que permanecessem inertes em meu espírito obscuro e medíocre. E quero, pela primeira vez, expor essa minha personalidade aos holofotes seletivos que são os olhos da sociedade. Seria essa a morte do meu "eu-social"? Penso com os olhos sobre o mundo mecânico que nos cerca. A cidade... A cidade não passa de um filme de quinta, com atores tão manipuláveis quanto títeres e que anseiam por seus espaços nos créditos finais, mas não têm a menor capacidade de uma atuação de destaque. Não, definitivamente não é este o meu destino. Eu quero o extremo, o meio já não me interessa. Eu quero alcançar o apogeu do prazer. Acendo um cigarro, me sirvo de whisky - felizmente existe o álcool na vida. Bebo para esquecer, para me libertar de mim, para arrancar todas as amarras com as quais o mundo insiste em me aprisionar. Amanhã, a ressaca aparecerá e revelará inútil o meu esforço, lá fora o circo continuará armado e os palhaços parecerão não perceber o espetáculo incessante do qual participam. Ah, Admirável Mundo Novo*, onde estarão as minhas doses diárias de soma? É certamente a falta delas que me mantêm vislumbrando esse patético mundo do alto ao invés de juntar-me à massa e agir como mais um humano robótico e fabricado. Mais uma dose, mais um cigarro. O silêncio da cidade fervilhando grita e me atira em um oceano sem fundo de loucura, impotência e melancolia. Mais uma dose, mais um cigarro. Os meus olhos testemunham a minha desgraça, como construir um mundo melhor? Como livrar a massa dessa ignorância eterna, desses desejos fabricados? Mais uma dose, mais um cigarro. O mundo já não é tão ruim, os problemas já não são tão graves, as pessoas já não são tão fúteis, talvez ainda haja esperança. Mais uma dose, mais um cigarro. Os problemas parecem supérfluos, o espírito agora anseia pela dança e o corpo anseia pelo prazer. Mais uma dose, mais um cigarro. Saio do meu apartamento, desço as escadas, percorro as ruas e, junto à massa, procuro música e sexo. Encontro-os, como sempre, à minha espera.

*Admirável Mundo Novo - Escrito por Aldous Huxley em 1931, é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química (soma) e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono.

U-M L-I-V-R-O S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L

Não procure



Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E o quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo jornal
Na fila do pão sabe que eu te encontrei

E ninguem dirá
Que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor
A gente é que sabe, pequena
Ah, vai

Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
Eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê
Deve não ser
Você me falou
Pra eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor
Coragem no amor

E só de te ver
Eu penso em trocar
A minha tv num jeito de te levar
A qualquer lugar
Que voce queira
E ir onde o vento for
Que pra nos dois
Sair de casa ja é
Se aventurar
Ah, vai

Me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar eu sigo essa hora
Eu pego carona
Pra te acompanhar

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Sessão Mário Quintana - III

DAS INDAGAÇÕES

A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.

Sessão Mário Quintana - II

DA FELICIDADE

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!

Sessão Mário Quintana - I

DA OBSERVAÇÃO

Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Uma letra de música é o suficiente?

I feel a little empty herein. Herein
side. You´re the one I believe in. Please don´t get me frustrated.
You won´t.

Não pensa mais nada, no final dá tudo certo de algum jeito...

Toledo me acolheu no friiiiiiiiiiiiiiiiiio!

sábado, 5 de abril de 2008

Tudo mentira.

O império da vaidade é o principal financiador da persuasão falsa. O homem e a mulher, desde que se percebem em sociedade, sentem necessidade de ser notados, elogiados, bajulados. As crianças gritam, choram e rodam para os seus pais. Os adultos têm suas artimanhas. A diferença é que, para a maioria destes, chamar a atenção apenas do companheiro não basta. A presunção vai além da cerca.
Há, é claro, os transparentes, raros cidadãos. Geralmente passados para trás. Senão vejamos: para não mentir faz-se indispensável não agir erroneamente. Não agir é não gritar, chorar ou rodar. Como então se fará notar o sujeito? Quem não seduz não dança. Quem não quer dançar é porque falta-lhe fatuidade. Sem vaidade, portanto, não há dança. Quem não dança não engana. Só é enganado.
Não proponho aqui um complô contra a falsidade, não me apedrejem. Logo o sujeito leal aprende a ser adulto e passa a viver também na ficção. Esconder a verdade, afinal, é proteger quem amamos da solidão! Que triste seria a vida sem um cobertor de orelha, uma boca à disposição, uma mão quente, não?
Que essa mão segure a sua e de mais gente, todavia, é a forma mais crua de ermo que existe.
Infelizmente, só se transforma em gente grande a criança que aprende como a mentira é importante. Porque é inútil debater-se: o mal do século é mesmo a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Somos eu

Certa vez, um homem veio bater à porta de seu amigo.
Seu amigo disse: Quem és tu, ó homem fiel?
Ele disse: Sou eu.
O outro respondeu: Não podes entrar,
Não há lugar para o ‘cru’ em meu bem cozido banquete.
O pobre homem se foi, e por um ano inteiro
Viajou ardendo de dor pela ausência do amigo.
Seu coração ardeu até que cozinhou;
Então ele voltou e bateu à porta da casa de seu amigo.
Seu amigo gritou: Quem está à minha porta?
Ele respondeu: És tu que estás à porta, ó Amado!
O amigo disse: Já que sou eu, que eu entre;
Não há lugar para dois ‘eus’ em uma só casa.

Jalaluddin Rumi,
MASNAVI

quinta-feira, 20 de março de 2008

Paroles au Canapé

Parole, pariez, doute.
Espoir. Doute.
Demande, mensonge, doute.

Un jour je vais écrire un livre.

Ops, il faut que j´aille me faire belle.
Pour qui? Hum. On sait jamais.

À quelqu'un d'obtenir le meilleur de vous?

sexta-feira, 14 de março de 2008

Um grande amor

Um grande amor, quando termina, termina. Se longo e intenso, se dolorido, traz alívio. Por outro lado, o curto, ao findar, deixa no peito um ponto. De interrogação.
Mas os grandes amores têm a queima dos navios em comum, têm as travessuras das noites eternas, a confusão das pernas, têm enlaces, pisadas em comum. Quando eles terminam fica a lembrança. E como todo grande amor pressupõe um cálculo em que o resultado final é sempre "felicidade positivo", as memórias mais freqüentes são aquelas que encheram o peito de alegria, ou que marejaram olhos, fazendo-os brilhar.
É difícil deixar ir um grande amor da mente. Todos os rivais são comparados, inconscientemente. Todos os mínimos atos do grande amor são observados e julgados e, inevitavelmente, por uma fração de segundo temos certeza absoluta de que aquela indireta foi para nós. O porém é que certeza absoluta conjectura paixão e pensamentos passioais se perdem no infinito. Logo vem a razão bater à nossa porta e com ela as dúvidas. E aí pesamos. E aí a aflição, novamente.
Se livrar de um verdadeiro grande amor não é tarefa para qualquer pelego. Há que ser valente o bastante para enfrentar o desconhecido amante, e paciente o suficiente para enganar o coração da gente. Pois uma hora ele acredita que os momentos vividos no passado nem foram assim tão ímpares e que daí a um "novo grande amor" são dois palitos.
Afinal, somos nós que os pintamos de ouro e os cobrimos de cores. Parece perfeito depois que acaba. Mas a magia do grande amor limitado é justamente a sua condição de exausto. Só assim ele é visto de longe, só assim se protege da rotina e só assim conta com essa fantástica e utópica força que é o querer aquilo que parece impossível, mania do ser humano.
O grande amor finito vai estar sempre ali, orbitando, lindo, intocável, cheio de dúvidas e mistérios.
E é por isso que um grande amor quando termina, termina. Mas nunca acaba.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Antología


Dos tempos áureos da Shakira!...

Para amarte necesito una razón
Y es difícil creer que no exista
Una más que este amor

Sobra tanto dentro
De este corazón
Que a pesar de que dicen
Que los años son sabios
Todavía se siente el dolor

Porque todo el tiempo
Que pasé junto a ti
Dejo tejido su hilo dentro de mí

Y aprendí a quitar al tiempo los segundos
Tu me hiciste ver el cielo aún más profundo
Junto a ti creo que aumenté más de tres kilos
Con tus tantos dulces besos repartidos
Desarrollaste mi sentido del olfato
Y fue por ti que aprendí a querer los gatos
Despegaste del cemento mis zapatos
Para escapar los dos volando un rato

Pero olvidaste una final instrucción
Porque aún no sé como vivir sin tu amor!

Y descubrí lo que significa una rosa
Me enseñaste a decir mentiras piadosas,
Para poder verte a horas no adecuadas
Y a reemplazar palabras por miradas
Y fue por ti que escribí más de cien canciones
Y hasta perdoné tus equivocaciones
Y conoci más de mil formas de besar
Y fue por ti que descubrí lo que es amar
Lo que es amar

domingo, 9 de março de 2008

Mutante

Juro que não vai doer
Se um dia eu roubar
O seu anel de brilhantes
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante
Como um troféu
No meio da bugiganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica!

Kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

Juro que eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra
Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica!

Kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

(Rita Lee / Roberto de Carvalho)

sexta-feira, 7 de março de 2008

Juno



Eu ia falar alguma coisa sobre o filme mas, depois de ler esse post, perdi a coragem:

http://smusica.blogspot.com/2008/02/trilha-sonora-juno.html

terça-feira, 4 de março de 2008

Pensionato

Este seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar
Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você
Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração de quem sonhou
Sonhou demais
Ah, se eu pudesse entender
O que dizem seus olhos

Vinicius de Moraes

Volta e meia eu esbarro nessa palavra, a tal da saudade. E sinto pena dos que não a têm no idioma maternal. Ça me manque, tu me manques, I miss you, I miss it, nostalgia... não é a mesma coisa. Neste sentido, viajando por aí descobri que a cultura está muito relacionada aos sentimentos vividos pelos povos. E que a língua falada está diretamente ligada ao sentimento. Afinal, é uma das formas - e não há como negar sua relevância, basta ler poemas - como os exprimimos. Por isso eu pergunto: se eles não sabem traduzir a palavra SAUDADE, sabem eles senti-LA?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Knowhow

Knowhow é mais que saber fazer
É sentir o que se faz.

Não sai poesia senão da dor real
não há dor sem paz
nem paz sem bem-querer
(não... paz só há sem bem-querer)

Knowhow e vitrine não se bicam
Há que se passar de gente
a serpente
Acontece, mas não é sempre
Que lhe consente
esconder o nu abismo que eu vejo
entre a palavra e o sentimento

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Ela Faz Cinema

Essa música é linda demaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais! Ontem, na balada(detalhe), tava conversando com um cara e ele me disse que fazia cinema ou algo parecido. Lembrei dela - que aliás é uma das que estão no cd do meu carro - e a gente ficou cantando, numa disputa desleal com o som psicodélico e ensurdecedor do local. Nenhum dos dois lembrava do início, só do refrão. Aquela agonia de quando se força os neurônios! Primeira coisa que fiz após puxar o cinto?

Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama

Ela faz cinema, ela faz cinema, ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual

Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente mais um personagem
Efêmero da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco, prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão me clama

Ela faz cinema, ela faz cinema, ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém me faz

Eu não sei se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito cantar outra vez
Quando ela jura, não sei, por que, Deus, ela jura
Que tem coração e quando o meu coração se inflama
Ela faz cinema, ela faz cinema, ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem e fim


Chico Buarque de Hollanda

A parte que eu acho mais linda é quando ele diz: "quando ela jura, não sei, por que, Deus, ela jura que tem coração"... ^^

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A Brincadeira

Estou lendo o livro A Brincadeira, do escritor tcheco Milan Kundera, e gostaria de compartilhar uma passagem dele com vocês. Ainda não terminei de ler(na verdade tô me enrolando bastante, as férias estão sendo passadas mais fora de casa que dentro), e por isso não posso dar minha opinião sobre a obra. É claro, contudo, que eu recomendo a leitura, porque o que vem do Kundera é, sempre, no mínimo, excelente. Segue, portanto:

"O importante é ser como se é, não se envergonhar de querer aquilo que se quer, se desejar aquilo que se deseja. Os homens são escravos das normas. Alguém lhes disse que era preciso ser desse jeito ou daquele, então eles se esforçam para ser assim e não saberão nunca como eram nem como são. Conseqüentemente não são ninguém. Mais do que tudo, é preciso ousar ser você mesmo."

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Um sonho

Este post eu escrevi há um tempo e não publiquei. Agora não tem mais problema. Tá aí:

Puts. Esse foi daqueles.
De acordar e chorar.
De saudade, vontade, angústia...

Ê, realidadezinha.

Como são mais ricos os sonhos. Mais interessantes...
Neles as pessoas que você ama, que nem se conhecem, conversam e andam juntas.
Vêem o que você quer que elas vejam. E você tem coragem para fazer o que sempre quis. Pois no sonho a atmosfera é leve... composta somente da sua essência mais pura.
Como dizem por aí: nada mais nos pertence, além de nossos sonhos. E não há melhor lugar para encontrar alguém. Principalmente quando o sonho antecede a ação.
Expectativas, olhos forçados ao despertar, totalmente fechados, para voltar a enxergar.

O sonho antecede a ação.

Dúvidas

Pois quando se ama, elas surgem
Bem me quer, mal me quer?
Um minuto de silêncio,
E logo o desejo, de esclarecer um "será"

E o peito do amante
Não é um peito comum
É fato que o tempo
Bem mesmo que extenso, não o aquietará

Pois amador que se preze
Leviano, arrojado e sonhador
Não sente pena de, caso aconteça, morrer de dor

Gritará sua prece
A quem se ofereça ouvidor
Pelas migalhas sofridas, dos que não sofrem de amor

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Não, eu não sou feliz.

E nenhum argumento seu vai me convencer do contrário.

Não me venha com o velho clichê "você tem tudo", por favor.
Nem com a porra da merda da expressão "menina mimada"!

Sim, senhor, eu tenho tudo. Sim, senhor, eu tenho uma família linda que me ama, vários amigos e faço faculdade. Não, senhor, eu não moro numa favela. Não, senhor, eu não sei o que é acordar em meio a um tiroteio, nem sei o que é ficar sem ter o que comer durante três dias.

Agora, isso definitivamente NÃOOOOOOOOOOOOOO me tira o direito de expressar minha tristeza, minha indignação e meu cansaço!!! POUPE-MEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE(caralho!!!), dessa merda de obrigação de esconder meu sofrimento só porque EU NÃO SOFRO MAIS DO QUE OUTRAS PESSOAS!!!!!!!!!!!!!!!

É VOCÊ, sociedade HIPÓCRITA, materializada através de VOCÊÊÊÊÊ, MALDITO LEITOR DO MEU BLOG!, e um bando de outros idiotas, inclusive eu, que me dá asco. Porque todo mundo sabe que a culpa de haver fome no mundo é nossa... a culpa de o Brasil ser essa bosta, é nossa!, a culpa de haver tanta violência, É NOSSA. Sim, comeram a porra da maçã da serpente ridícula e agora a gente nasce assim, predestinado. Predestinado a ser rico. Predestinado a ser pobre. Predestinado a ter de assumir a culpa. A culpa herdada da porra dos nossos antepassados, que comeram a infeliz da maçã envenenada.

Tudo bem. Mas será que a gente, no lugar deles, também não teria comido a vermeinha fiadamãe?! É... é isso que nos prende à culpa: a dúvida!

Agora, você que já teve a oportunidade de ir a países de primeiro mundo, como o Canadá, por exemplo. Analise comigo: eles também carregam essa culpa que nós, desgraçados brasileiros, carregamos? Eles têm vergonha de ter dinheiro? Eles têm vergonha de ser infelizes, quando têm tudo para não o ser, e são? Não. Porque lá, todo mundo é igual. Não tem pobre, não tem rico, todo mundo é mediano. Todos são classe média alta, mermão. O governo provê todos os apetrechos que você necessita para manter sua saúde, para se deslocar, para estudar. Há empregos para todos. Então, onde é que NÓS erramos? Onde é que nós tivemos azar nisso tudo?
Terá sido quando Pedro Álvares Cabral atracou aqui? Não poderia ter rumado mais para o sul, quem sabe, Colombo???
Ou não. Nenhuma das alternativas: a culpa disso tudo é que enviaram às nossas terras apenas as prostitutas e os marginais... fomos criados pelos restos da sociedade e, por isso, não soubemos lutar pelos nossos direitos, pela nossa terra e nossas riquezas, ao contrário dos americanos, aqueles bostas?

Se esse tróço aqui foi criado para imortais como eu, que não sabem escrever, terem uma oportunidade de se expôr ao ridículo, então eu vou fazer bom uso.
O que me anda deixando pra baixo nos últimos dias é uma angústia muito grande gerada pela incapacidade de manifestação impositiva em relação aos meus pais.
Achou bobagem? Achou mesquinhez? Achou "coisa de patricinha mimada"? Pare de ler e vá fumar maconha com o resto da sua turma de pseudoperfeitinhos.

O que eu mais queria agora era conseguir um emprego bom, que pagasse minha moradia - nem que fosse dividida com mais cinco, meu estudo (pra eu poder um dia morar sem esses outros cinco), e uma feijoadinha, sábado sim, sábado não...

Sei lá se é crise temporária por superdosagem de casa de pai e mãe, quando se mora fora. Sei lá, às vezes é infantilidade mesmo, ou quem sabe energia sobrando pra protestar contra o governo e que, por falta de iniciativa, ou incentivo, é desviada a assuntos fúteis... O que importa é que eu sentei aqui muito irritada, como vocês puderam perceber, e agora estou bem mais calma.

Obrigada.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

sábado, 12 de janeiro de 2008

Coração doente

Escuto, penso, seleciono, mas isso tudo me cansa!
Eu já não creio na conversa, já perdi minha esperança.
Você fala, tenta, não desiste,
Eu sei, você é gerador...
Mas eu sou pássaro, asa longa, e tô louco pra usar.

Não quero fugir pra bem longe, e ter no roteiro ligar
Só quero estar lá pra voltar
e voltar só pra ter que te abraçar
Te beijar nessa testa franzida, e dessa vida louca acalmar.

É amor, é respeito, se eu bato na mesa
é que eu sou desse jeito mesmo

Mesmo que você se engane
Mesmo que você se inflame
Pros doentes do coração, pai,
a cura é só grande amor.