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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Evento Social

Abriu os olhos ainda sonolentos, tomou um rápido banho frio e pôs-se a olhar no espelho. Seu rosto mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha guardados os motivos. Soltava frases tolas e impacientes - talvez ríspidas -; era o que tinha para hoje. E para ontem. E para amanhã também.
Acompanhada pela quadrilha, chegou, armada quase até os dentes (na verdade esquecera uma parte da munição em casa, o que lhe rendeu a desaprovação geral das companheiras) ao destino final. Passaram todas sem maiores complicações pela ingênua (ou seria indiferente?) segurança que revistava os "privilegiados" que entravam, e depois iniciaram, de forma lenta, o ritual.
A divisão de classes na parte interna era clara. Os donos do espaço haviam reformado a casa para adaptar-se aos caprichos de seus clientes e o que antes era uma extensão comum havia se transformado num labirinto. Se o número de pessoas não fosse suficiente para atravancar a passagem, havia os ferros, demarcando a superfície destinada a cada grupo.
O tamanho do cercado variava de acordo com o poder aquisitivo do ajuntamento. Mais importante, entretanto, que as dimensões do redil (que até podiam ser pequenas, fosse também o número de pessoas - animais? - a serem "guardadas") era ter uma garrafa de Grey Goose sobre a mesa.
O ponto de abstração crítica terminou sendo, como não raras as vezes, a música. Era alta e bem expressada... tão bonita e entusiasmante que aqueles seres humanos chegaram a parecer amigáveis. Pareciam felizes.
Mais sorrisos. O rosto agora mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha vivo o espírito da tranquilidade e da paz. Tudo era engraçado. Até a arrogância da loira abrindo caminho para chegar ao seu camarote VIP. Pulso quebrado e ar de Lady Di, olhando por cima dos ombros. Engraçado. Não sei se por causa da música ou pelo fato de ela ter dado de cara com os ferros do cercadinho na altura do quadril: "aiii, aqui não passa!!!".
A missão da quadrilha, que acabou não sendo mencionada no texto, incluía extermínio de pequenos animais (verdes) e choque mental social. Bom, apesar de alguns contratempos como dificuldade de comunicação/expressão, desconfiança e perturbação, ambas foram concluídas com êxito. E diversão.
O fim da noite contou com videogame... desenhos. Enfim. Um a um, morreram todos os soldados caricaturados. Os mais resistentes - estranhos, bizarros, curiosos - já não se entendiam. Haviam se mantido bem, isso é fato, mas lhes restava pouco. Pouco tempo, pouca energia, pouca razão. Dormir, dormir. Vermelho. Em Brasília, 19 horas. Pensou... pensou... pensou...
E fechou os olhos.

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