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quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Exagerada

Amor da minha vida
Daqui até a eternidade
Nossos destinos
Foram traçados
Na maternidade...

Paixão cruel
Desenfreada
Te trago mil
Rosas roubadas
Pra desculpar
Minhas mentiras
Minhas mancadas...

Exagerado!
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado...

Eu nunca mais vou respirar
Se você não me notar
Eu posso até morrer de fome
Se você não me amar...

E por você eu largo tudo
Vou mendigar, roubar, matar
Até nas coisas mais banais
Prá mim é tudo ou nunca mais...

Exagerado!
Jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado...

E por você eu largo tudo
Carreira, dinheiro, canudo
Até nas coisas mais banais
Prá mim é tudo ou nunca mais...

Exagerado - Cazuza

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Lírio

Flor de Lis não vá dizer
Se o vento tem compaixão
Pra te ver, te fazer esquecer
da dor do coração
Eu sei que o farol te faz relembrar
das noites com girassol
Talvez se você não chorar
Se você me deixar ajudar
Te tocar no coração
Saber que mais forte que a dor
É o amor que bate por ti
Amor do tão bom beija-flor

Flor me diz o que fazer?
Se um beijo seu não posso ter
Se não fiz por merecer
Quem sabe se eu te disser
Mais duro é o amor de partir
Se fica a olhar ele ir
Mais puro é o amor que está aqui
É só você se deixar sentir
Não temer só sorrir
Dizer que só quer ser feliz
Poder ver o pôr do sol
Como um beija-flor
Não mais como girassol

Flor de Lis - Planta e Raiz

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Para Viver Um Grande Amor

Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica, e gostosa, farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.

Vinicius de Moraes

Last Night - The Strokes

A Alvorada do Amor

Estou a conhecer Olavo Bilac. Adquiri sua Antologia Poética juntamente com um livro de Florbela Espanca, há alguns dias (ali embaixo tem um post com um poema dela).

Li Espanca e me chamou a atenção a tristeza. Constante. Ela tenta, retenta e, todavia, não consegue fazer rirem os seus versos.
Já Bilac, entre altos e baixos, parece-me ter tido mais sucesso na vida amorosa.

Ah! quem nunca esteve na fossa é infeliz!

Por quê será que fossa vicia, Arieli? Minha Florbela, me diz?
Porque a dor é irmã do amor, Marina! Amadora. Aprendiz...

Eu não sabia amar, e amei. Amei demais, e morri.
E a dor é irmã do amor... porém, escura, opostamente. e na luz a gente vê. Que a dor é bela por pouco tempo, é flor colhida; a luz tem que prevalecer.
Ao final das contas, Nietzsche estava certo. "O que não me mata, me fortalece".

PRECISO que vocês leiam esta narração incrível (com cortes) do pecado original:

"Chega-te a mim! entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se emaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!"

Olavo Bilac

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O amor

"O amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba, não se enfuna, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas. "

Coríntios 13:4-8

Receita de Mulher

(...) É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto
Adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche
No olhar dos homens.
É preciso, é absolutamente preciso
Que seja tudo belo e inesperado.
É preciso que umas pálpebras cerradas
Lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como no âmbar de uma tarde.
Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas.
Nádegas é importantíssimo.
Olhos então
Nem se fala, que olhe com certa maldade inocente.
Uma boca
Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência.
É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas
No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes.
Indispensável. (...)
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos
Ao abri-los ela não estará mais presente
Com seu sorriso e suas tramas.
Que ela surja, não venha; parta, não vá
E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida.
Oh, sobretudo
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.

Vinicius de Moraes

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Anseios

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!…
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbre o brilho do luar!

Não ´stendas tuas asas para o longe…
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar!…

Florbela Espanca - Trocando olhares - 26/06/1916

domingo, 14 de outubro de 2007

Poema da purificação

Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau
e jogou seu corpo no rio.

As água ficaram tintas
de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.

Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Talking dogs

TEET!!! Amor da minha vida!!! Meu webdesigner preferido!!! Meu fofo, meu lindo, meu gatinho...

De seu punho:
www.thedogfile.com

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Spit straight into the mouth that kisses you!

VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos



Pesado pra uma segunda-feira?
Naaa... Muito mais do que isso... Inspirador!
Leia novamente... ui.

Boa semana.