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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Dúvidas

Pois quando se ama, que desassossego
Bem me quer, mal me quer? O que pensará?
Um mirim de silêncio pra três de desejo
E ver se achegando o nocivo será.

O peito do amante se assembra a um preá
Que rói as beiradas de fome e de medo
Selvagem, ciumoso, arisco a espreitar
Na noite, embrenhado, quem lhe dá receio.

Se busca imprudente um sinal do amante
É escravo perdido em tumultos e falhas
Afunda-se - tolo - em conceitos errantes

E brinda ao menor sinal de lealdade.
Atrás do que dói o que encontra pujante
É a sentença cruel de viver de migalhas.


Bahia

Abri os olhos. A cama era mais estreita do que de costume. Os lençóis brancos de aroma fresco davam a sensação de aconchego, mesmo fora de casa, e os mosquiteiros amarrados à estrutura ao redor da cama lembravam filmes de princesa que assistia na infância. Tudo era branco. E estava claro demais para dormir. Que horas seriam? A julgar pela intensidade de luz que entrava pelas fendas da janela, também de cor branca, havia perdido a manhã. Olhei para o lado e ela estava ali. Ainda dormia. Sorri por dentro, era incomum para mim acordar antes. Resolvi conferir o relógio: 6h15. Que maravilha, eu estava na Bahia. Virei para o outro lado e voltei a sonhar.