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quinta-feira, 17 de julho de 2008

O caçador de pipas

Virei, então, e saí correndo.
Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.
Mas me agarrei aquilo. Com os braços bem abertos.
Porque, quando chega a primavera, a neve cai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse testemunhado o primeiro floco que se derretia.

- The Kite Runner

AINDA não li.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

sobre o tempo

ah, bem melhor seria poder viver em paz, sem ter que sofrer, sem ter que chorar, sem ter que querer, sem ter que se dar. mas tem que sofrer, mas tem que chorar, mas tem que querer pra poder amar. ah, mundo enganador, paz não quer mais dizer amor. ah, não existe coisa mais triste que ter paz e se arrepender, e se conformar e se proteger de um amor a mais. o tempo de amor é tempo de dor. o tempo de paz não faz nem desfaz. ah, que não seja meu o mundo onde o amor morreu.

tempo de amor - vinícius de moraes e baden powell


faz tanto tempo que eu não me encho de sentimentos que chega a ser estranho parar pra escrever. não ultrapassa as amarras da razão se não transborda ou não é rebelde. vira chafé; sem graça. é como ela dizia: você gosta é de emoção. é de chacoalho. de não dormir chorando uma noite e sorrir no dia seguinte.


"não existe coisa mais triste que ter paz, e se arrepender, e se conformar, e se proteger, de um amor amar..."

terça-feira, 8 de julho de 2008

Admirável Mundo Novo

Sob sugestão da amiga Sibelli.

"A vida faz de nós máquinas, mas enquanto tivermos sentimentos seremos humanos..."

Hoje não quero escrever. Quero poupar idéias e fazer sobrar ações. Quero magoar muitos e fazer outros fatalmente felizes. Quero perder amigos e colecionar amantes. Quero revelar sentimentos que lutei para que permanecessem inertes em meu espírito obscuro e medíocre. E quero, pela primeira vez, expor essa minha personalidade aos holofotes seletivos que são os olhos da sociedade. Seria essa a morte do meu "eu-social"? Penso com os olhos sobre o mundo mecânico que nos cerca. A cidade... A cidade não passa de um filme de quinta, com atores tão manipuláveis quanto títeres e que anseiam por seus espaços nos créditos finais, mas não têm a menor capacidade de uma atuação de destaque. Não, definitivamente não é este o meu destino. Eu quero o extremo, o meio já não me interessa. Eu quero alcançar o apogeu do prazer. Acendo um cigarro, me sirvo de whisky - felizmente existe o álcool na vida. Bebo para esquecer, para me libertar de mim, para arrancar todas as amarras com as quais o mundo insiste em me aprisionar. Amanhã, a ressaca aparecerá e revelará inútil o meu esforço, lá fora o circo continuará armado e os palhaços parecerão não perceber o espetáculo incessante do qual participam. Ah, Admirável Mundo Novo*, onde estarão as minhas doses diárias de soma? É certamente a falta delas que me mantêm vislumbrando esse patético mundo do alto ao invés de juntar-me à massa e agir como mais um humano robótico e fabricado. Mais uma dose, mais um cigarro. O silêncio da cidade fervilhando grita e me atira em um oceano sem fundo de loucura, impotência e melancolia. Mais uma dose, mais um cigarro. Os meus olhos testemunham a minha desgraça, como construir um mundo melhor? Como livrar a massa dessa ignorância eterna, desses desejos fabricados? Mais uma dose, mais um cigarro. O mundo já não é tão ruim, os problemas já não são tão graves, as pessoas já não são tão fúteis, talvez ainda haja esperança. Mais uma dose, mais um cigarro. Os problemas parecem supérfluos, o espírito agora anseia pela dança e o corpo anseia pelo prazer. Mais uma dose, mais um cigarro. Saio do meu apartamento, desço as escadas, percorro as ruas e, junto à massa, procuro música e sexo. Encontro-os, como sempre, à minha espera.

*Admirável Mundo Novo - Escrito por Aldous Huxley em 1931, é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química (soma) e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono.

U-M L-I-V-R-O S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L

Não procure



Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E o quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo jornal
Na fila do pão sabe que eu te encontrei

E ninguem dirá
Que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor
A gente é que sabe, pequena
Ah, vai

Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
Eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê
Deve não ser
Você me falou
Pra eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor
Coragem no amor

E só de te ver
Eu penso em trocar
A minha tv num jeito de te levar
A qualquer lugar
Que voce queira
E ir onde o vento for
Que pra nos dois
Sair de casa ja é
Se aventurar
Ah, vai

Me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar eu sigo essa hora
Eu pego carona
Pra te acompanhar