O império da vaidade é o principal financiador da persuasão falsa. O homem e a mulher, desde que se percebem em sociedade, sentem necessidade de ser notados, elogiados, bajulados. As crianças gritam, choram e rodam para os seus pais. Os adultos têm suas artimanhas. A diferença é que, para a maioria destes, chamar a atenção apenas do companheiro não basta. A presunção vai além da cerca.
Há, é claro, os transparentes, raros cidadãos. Geralmente passados para trás. Senão vejamos: para não mentir faz-se indispensável não agir erroneamente. Não agir é não gritar, chorar ou rodar. Como então se fará notar o sujeito? Quem não seduz não dança. Quem não quer dançar é porque falta-lhe fatuidade. Sem vaidade, portanto, não há dança. Quem não dança não engana. Só é enganado.
Não proponho aqui um complô contra a falsidade, não me apedrejem. Logo o sujeito leal aprende a ser adulto e passa a viver também na ficção. Esconder a verdade, afinal, é proteger quem amamos da solidão! Que triste seria a vida sem um cobertor de orelha, uma boca à disposição, uma mão quente, não?
Que essa mão segure a sua e de mais gente, todavia, é a forma mais crua de ermo que existe.
Infelizmente, só se transforma em gente grande a criança que aprende como a mentira é importante. Porque é inútil debater-se: o mal do século é mesmo a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição.
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