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sábado, 9 de janeiro de 2010

O amor, quando se revela...

Eu queria escrever hoje um verso meu. Mas me vem Cazuza, me vem Pessoa, me vem Chico Buarque na cabeça... e eles são tão perfeitos na definição dos sentimentos, que eu me pergunto: pra que é que eu vou criar algo novo, se o que eu quero dizer já tá mais do que dito, e muito bem dito, pelos mestres da poesia?
Tipo assim:

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...


Fernando Pessoa

Um comentário:

  1. bonito texto, juro q n conhecia...
    sorte da pessoa pra quem foi a intenção ;)
    bjos!

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