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quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Mulher

Me veio em tentação, latente
Insistente
E briguei com meu velho Deus.
Rasguei as páginas do testamento
Que te condenavam
E chorei, mulher.

Mas era tu, não tinha escolha.
Lá dentro a vida transcendia
Por fora me agredia, e eu te perdia
Então parti.
Nada nas mãos, exceto as tuas.

Beijamos até não ter mais fim
E suamos de medo, naquelas ruas
Apertamos mais forte os dedos
“Nunca, nunca soltar
Depois do primeiro enfrentamento”
Você sorriu pra mim.

Seu riso, o rasgo bom no meu peito
Refúgio da solidão, da dor, do medo
Luta, entre as tuas pernas, morte em teu olhar
E a entrega da cruz a quem pertence
Deixemos-lhes suar

Pois somos duas, só, amor
Duas, nós, mais ninguém.
E nesse universo, que é dentro e fora
Me tens
E sou
irremediavelmente tua
Mulher.






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