Que som bonito
Esse das ilusões ruindo
Enquanto floresce o amor.
Aqui tem de tudo. Eco e tino. Sangue e prazer. Amor e fúria. Devaneio e feminismo. Aqui eu abro meu coração sem pretensão. Encho essas páginas para libertar minha mente.
Goodbye My Lover, from James Blunt. This is the song I used to listen to 10 years ago, when my heart tried hard to let go of what felt like a dam. It was an overpowering feeling. It could light up an entire city. A gargantuan monument - created by men. Fears and shadows. A breathtaking landscape - made of concrete. A ruptured dam that although magnificent destroyed everything ahead of it.
This is the song that I picture you listening to while you feel the sorrow of an unfinished love story that harmed you in some ways while making you feel alive in others. I felt the pain of having to let go from a splendorous harmful love. And it makes me think of how hard you've tried to be with me while managing all these feelings within you. How hard you've tried to be with me, while staring at that dam - from a distance. To surrender to me, while holding it tight - so it wouldn't break. To love me, while knowing you would have to walk back and face it.
So now, when I look back, I think our story tasted like fresh coffee. Strong, warm, comfy - that we hold nearby and the smell makes us close our eyes and smile peacefully. A fresh coffee that is all that, and yet ephemeral. When one doesn't drink it immediately, it gets cold. Warming it up is useless after all - coffee loses what makes it good quickly. And maybe a year ago you would not mind drinking cold coffee. Now I know you do. Perhaps cold coffee becomes less attractive when someone is preparing a new one. Especially when this someone is our own selves. Fresh coffee is good because it is fresh.
I miss that taste. I miss the careful work of preparing it. Filling up the kettle, waiting patiently for the water to boil. Grabbing the pot, measuring the right amount of powder. I miss feeling it in the morning, planning it for the weekend. Its warmth in my hands. I miss bringing it to you on a busy day. I miss everything that accompanied it. Smiles with closed eyes under the sun. All nighter dissertation. Screaming the lungs out on Shakira. Tough conversations. An alcoholic spice while chasing the Northern Lights. I miss that short-lived taste. I miss that firm, hearty, cozy taste.
But I had never seen us like that. Like a liquid we put in a cup taken from the cabinet. Something we enjoy for a while, and leave somewhere with some undrinkable residue at the bottom. So it is still weird for me to witness the fragility of our relationship. To observe its sublimation process: from solid to steam. From life plans to confusion, rage, and silence. To complete emptiness.
Maybe, to protect my heart, I've turned my face to the signs that it could never be more than that. Perhaps I've turned my face to you because I was afraid to see the truth. Maybe I didn't offer what you needed. I wonder how much of you I haven't seen while I was right beside you. Maybe I was selfish. Maybe I am not someone you want to have as a partner, maybe not even in your life. Maybe. I don't know.
It's been almost two months since I told you that I wanted to try again. Almost 60 days you told me you would let me know when you were ready to talk. When you told me: "I will really let you know. It won't take long". Maybe this silence is the answer. Maybe not.
Two months ago, I did want to uncover this bunch of "maybes". I did want to listen, learn, and try again. Now I'm thinking that, once more, I am being blind and selfish. Again, I am refusing to see you. Once again, you make it clear that you are not available to me emotionally. Through acts, through words, through the absence of them. That is why I write these words. To try and expel the words that I am realising will never be said. To remember the songs that will never be sent. To feel the feelings I will never share.
I swore that I would listen to that song from James Blunt no more than once. And trying to warm this coffee up is bringing that same bitter taste to my mouth. My mind is feeling abandoned and betrayed. But my heart is done hoping for more. My mind refuses to close this story like this. But my heart just wants to surrender to gratitude and acceptance for the cup we have shared.
Goodbye my lover. I hope we don't ever have to kneel at someone's feet again, in our pursuit for love. And although we know we have not been the one to each other, I love you, I swear that's true.
A cidade testemunha solitária
meu sorriso
Não há carros, não há movimento
A não ser o olhar verde dos sinais
Permitindo que a minha alegria passe
Perdure
Não há dores, não há tormento
A não ser a luz verde de seu olhar
Impune
Presenteando-me adolescência
Febre
Entranhas, suor
Um beijo
Ao qual jamais serei imune
Pelas ruas da cidade calada
Invento
Um minuto a mais
Quem dera
Levando seu cheiro comigo
Pudera.
Naquele momento eu existia para receber amor. Eu recebia um amor do passado. E mesmo sabendo que talvez ele não volte mais, mesmo sabendo que agora preciso deixar essa vontade louca de você descer pelo ralo junto com a espuma da banheira, eu senti que valeu a pena. Ter vivido tudo o que vivemos, para agora estar sentindo esse amor retroativo.
Ter me entregado a essa paixão. Insistir nela, lá no começo, quando você desviava o olhar, querendo se distrair de mim. Valeu a pena sair de casa, explorar o mundo, construir um lar com você. Valeu a pena o carnaval. Valeu a pena o surfe. Valeu a pena os bilhetes. Os quadros novos. As conversas profundas. As gargalhadas infinitas. Os sanduíches no meio das nuvens e das estradas vazias. Os girassóis. Valeu a pena sentir a dor. Valeu a pena sentir a esperança. Valeu a pena viver um grande amor com você, meu amor. Eu agradeço.
Não te amo mais.
Sua jaqueta de relance na foto
Já não faz meu coração bater.
Seu rosto entre os das outras pessoas
Já não é o que atrai o meu olhar.
Não te penso mais como antes
Não te desejo na minha cama.
A não ser quando me deito.
A não ser quando fecho os olhos.
Você sorri, como se, depois de tudo, ainda me tivesse
Mas eu preciso que saiba: eu não te amo mais.
Não sinto vontade de ler tuas palavras
Ou te escrever cantadas, te encantar.
Não quero mais sentir teu cheiro
Nem o calor da tua respiração.
Não quero mais rir até doer
Nem dar oi-abraço demorado.
Não quero dormir ao teu lado
Nem subir montanhas contigo.
Não quero pensar nos nossos planos
Nem sei mais o que combinamos.
Eu não te sinto mais.
Não te desejo mais.
Não te quero mais.
A não ser quando me esqueço
Se me rendo, me distraio
Se amoleço
A não ser quando respiro…
Preciso que saiba:
Que não te amo. Eu não te amo mais.
Abri de novo os olhos e lá estavam os seus. Me observavam de cima. Tomava meus cabelos pela mão. Firme. Meus movimentos guiados na direção do seu prazer.
Eu explorava seus cantos sem pressa, oferecendo a sustentação dos meus ossos, a força dos meus músculos e o calor da minha pele. Entregaria minha alma, naquele momento, se assim lhe conviesse.
Confessei uma submissão contente no meu semblante. Estava diante de uma mulher brutal. “Eu te amo tanto”, sussurrei, sem me dar conta, em pensamento. Olhos ainda fixados.
Sem desviar, percorri seu corpo, ligando todos os pontos de luz e sombra passíveis de captura por uma lente apurada. O tempo se distraía. Se alguém dissesse que uma nova estação havia chegado, eu acreditaria.
Quebrei a contemplação. O amanhecer de todas as primaveras encontraram, no meu corpo escasso, espaço para florescer. Violentamente. Encostei meu rosto, pernas e tudo o que pude encontrar de mim nela.
Inalei sua respiração. Ar, chuva, brasa e chão corriam agora pelas minhas veias. Eu já não me rendia mais. Eu engolia.
Deixei entrar todos os medos, dores, desejos, angústias, alegrias, espantos e fascínios que haviam me trazido até ali. E quanto mais eu me abria, mais impetuosa a lava. Mais ensandecido o corpo. Mais alta aquela voz calada protestava.
Não deixei que me tocasse. Naquela noite, havia sido uma janela o canal para todos os córregos que haviam em mim. Naquela noite, magma, solo, sopro e mar escolhiam nascer, morrer e renascer pela fresta de uma mirada.
Dos seus olhos, colhi a verdade que me inundava. Dos meus olhos, eu deixaria que voasse - encharcado, alucinado, libertado - o gozo desse amor por tanto tempo amordaçado.
Te olhei. Deitada, você sorria pra mim. Me observava, curiosa. Um pouco nervosa. Com vontade. Te beijei devagar. Molhei teus lábios, senti sua saliva. Na sua boca, o cais do mar onde eu iria mergulhar. Deslizei meus dedos pelo teu corpo, ergui sua blusa. Senti a delicadeza quente do seu ventre. A maciez que convidava minhas mãos. Segui. Te envolvi nos braços, beijando a boca. Tirei a blusa, seu sutiã. Você riu da minha habilidade. O universo ali se fez, entre o seu sorriso e o meu. Contemplei seu corpo, com fome. Beijei seus seios, lentamente. Me perdi neles. Não queria mais sair. Mais de você havia. Minha mão procurou suas pernas. Tirei sua calça, meus olhos presos nos seus, nossos sorrisos bobos. De quem relembra um passado inexistente. De quem quer que o tempo pare; que essa noite nunca acabe. Voltei pra perto, senti saudade. Inspirei o almíscar com tangerina do seu pescoço, estudei seu corpo com meu tato. Tirei minha roupa. Nua, vi sua mão acariciar meus seios. Senti você me descobrindo. Tocando uma mulher, pela primeira vez. Eu queria tanto você. Sentir você. Inspirei seu cheiro mais uma vez. Te beijei mais uma vez. Senti o compasso da sua respiração aumentar. Seu sexo pulsar sob a renda branca e o peso do meu corpo. Queria acariciar e arrancar com os dentes. Deslizei meus dedos entre as suas pernas. Você deixou. Me aproximei da sua boca. Queria ouvir você. Falar com você. Compartilhar com você o momento em que me molhava. Senti seu corpo se contorcer. Pedi passagem, devagar. Senti seus braços me segurarem forte. Meu rosto puxado contra o seu. Sussurrei de prazer, baixinho. Você me ouviu. Gemeu comigo. Pediu mais, sem dizer nada. Fui mais fundo, explorando-te por dentro. Te olhei nos olhos. Era você ali. Sorrimos. Beijei sua boca, desci com a minha. Procurei as curvas do seu corpo com meus lábios, senti todas elas com meus dentes, esquentei com a minha língua. Você estava tão linda. Tão entregue. Tão minha. Meu coração batia forte, o suor caía. Parei no seu quadril. Me demorei, deixei que ele guiasse meu rosto até onde estavam meus dedos. Beijei você onde havia pele, lentamente, sem pressa. Memorizei cada centímetro seu. E enfim senti minha boca esquentar, minha língua tocar o que de mais delicado havia em você. Que sentiu, inspirou forte, segurou meus cabelos. Te beijei com todo o amor do mundo. Não havia outro lugar onde eu quisesse estar. Interpretei seus movimentos, dancei com você. Senti seu tesão, me fundi com ele. Você pressionava seu corpo contra mim, pedia mais. Te dei. Mais. Mais. Mais. Te dei tudo. E você devolveu. Com sua voz baixinha, que explodiu. Naufraguei em sua represa devassada. Ébria do seu prazer. Que é o meu prazer. Até a calmaria silenciosa dos nossos corpos nus. Enfim tornados um.