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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Eu quero uma noite feliz

Eu quero uma noite feliz dentre tantas tristes, ter uma invasão noturna e uma visão que excite. Um romance aberto, quase sem frescura, quero amargurar as bênçãos que me estupram. Eu quero sentir que meus segundos pesam, seja num cinema ou num boteco estéril; quero que a esquina seja um mero prédio, e que meus pertences sejam mais eternos. Quero que meu sexo seja fugido, quero amanhecer e me encontrar distante, ficar na penumbra não ligar de onde, quero que ninguém saiba onde se esconde. Preciso de beijo no intervalo mudo, criar um criado momento de tudo, quero que o meu sangue seja de uva pura, e queira ser passado pelas linhas duras. Quero amor à noite e café na varanda, quero trabalhar para sair distante, quero voltar tarde e saber que não pode, quero sacanagem, madrugada forte. Preciso de vida para os meus desejos, quero mais desejos para os meus gracejos, saber que além do meu peito estende-se perfeita uma linha tênue que define o tempo. Quero extrapolar as regras societárias, desestruturar as telhas operárias, provar que o mundo não é para todos, que para a carona o que não falta é louco. Vejo o motorista a cruzar a rua, vejo o imbecil que pouco sabe e atua, sinto seu desprezo e depois me lembro que meu campo é outro, meu silêncio é ouro. Ouço estardalhaços, baixo meus instintos, gritam na minha cara e eu quieta lembro que não sou de nada, que estão todos certos, pois meus objetos não se compram retos. Preciso sair aos campos de batalha, deitar nas trincheiras e pintar a cara, não tenho mais lenha para ver faisqueiras, quero mais incêndio nessa minha campeira.

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