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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Londres

Catando os cantos que teus lábios cantam
Senti na pele a mesma grama me beijar
Ouvi o vento me soprar acordes
Despi meus pés num sapato só.

Desbravo essa cidade que foi tua
Como se explora o corpo
De alguém que já foi triste
Com reverência, doçura e sede.

Nuns dias ela se entrega a mim
Noutros volta pra você
Quando então lhe reparo, de longe,
Privada dos teus olhos, feito eu.

Entre a gente
Dias vívidos vêm e vão
Meu diamante
Só a saudade tua é que não.


sábado, 18 de abril de 2020

Chevening | Storytelling

Pra quem não conhece, o Chevening é um "programa internacional de bolsa de estudos que permite que estudantes com qualidades de liderança de mais de 170 países e territórios realizem estudos ou cursos de pós-graduação em universidades do Reino Unido" (Wikipedia, 2020).

O caminho para conseguir essa bolsa, eu acredito, passa por contar muito bem uma história: a sua.


E para contar nossa história com paixão e verdade precisamos, antes de tudo, nos conhecer. Que somos pessoas únicas, já sabemos. Mas o que exatamente nos diferencia? De onde vêm nossos sonhos? Se conectar com nossa mais profunda essência, saber que nossas decisões têm sido tomadas com um propósito maior em mente, nos ajuda a entender isso.

O guia de reflexão que segue tem como objetivo ajudar você a colocar alma no seu application e, depois, na sua entrevista. Para provar a quem vai investir em você que nada do que você faz é por acaso. Que seu propósito é tão enraizado dentro de você, e que você conhece ele tão bem, que é natural que tenha gerado muitos exemplos concretos de liderança, networking, decisão de ir estudar fora e planos futuros quando voltar. Exemplos esses que você vai reunir para elaborar as redações que são exigidas no application.

A lista a seguir eu montei ao longo do meu processo, analisando memórias de líderes que me inspiram. Ela é uma sugestão do que pode ajudar você a mergulhar fundo dentro de si, voltar lá nas raízes de tudo, passando pelos seus aprendizados e fluindo naturalmente para o seu maior ideal (que pode muito bem se transformar em outro - muito maior - quando você chegar lá).

É um exercício de autoconhecimento, idealmente contínuo, para você se conectar com quem você é e, a partir disso, se fortalecer. Não somente para fazer sua luz brilhar mais forte nesse processo, e sim em todos os desafios que ainda vêm pela frente.

Boa jornada!

1. Objeto/situação na infância que engatilha um pensamento crítico/analítico
Você se lembra de algo que há muito tempo te intriga/incomoda/instiga? Como esse fato, contexto ou situação te tocam? Que reflexões nascem a partir disso em você?

2. Um livro preferido que molda um pensamento
Houve alguma ferramenta específica que te ajudou a começar a desenrolar esse novelo da curiosidade? Algo que te marcou? Pode ser um livro, mas também um filme, um show, uma conversa, uma foto, uma pessoa.

3. A criação de um protótipo mental/imaginário 
Como você vê o mundo? Qual seu entendimento sobre ele, a partir das situações pelas quais passou, os aprendizados que teve, suas crenças pessoais? Que protótipo mental surge a partir da junção única de tudo isso, que só existe em você?

4. Curiosidade 
Existe algo que você ainda não consiga explicar, mas que gostaria muito de entender melhor? O mestrado é uma ferramenta para entendermos profundamente o funcionamento, as causas das coisas. O que você tem muita vontade de explorar?

5. Crenças diferentes: sonho
Esse emaranhado de experiências e conhecimento que você tem muitas vezes te levam a pensar diferente da maior parte das pessoas. E muitas vezes desperta um sonho dentro de você. Qual é essa crença única que você tem? Steven Spielberg diz que nossos sonhos não gritam na nossa cara, eles sussurram (escrevi um post sobre isso aqui). Preste atenção nos sussurros dos seus sonhos. Nada é grande demais, nada é impossível. E agora, respira fundo: coragem para assumi-los.

6. Imersão em aspectos que sempre chamaram atenção 
Você já começou a colocar a mão na massa. Então bora elencar aqui os exemplos dessas situações. Não tem muitas? Comece a se envolver em algo, puxe uma iniciativa, dê o primeiro pequeno passinho na direção do seu sonho, hoje.

7. Contexto histórico/externo 
O que está acontecendo lá fora? Política caótica? Pandemia? Violência? Isso mexe com você? De que forma? O que estava acontecendo no seu bairro, cidade, estado, país, mundo, lá no passado, quando alguma coisa despertou dentro de você? E agora? O que todo esse contexto te diz?

8. Dia a dia no trabalho
Conecte tudo isso com o que você faz hoje. Encontre no seu trabalho os exemplos de como você engaja, influencia e lidera as pessoas em torno do seu propósito.

9. Envolvimento no tempo livre 
Os projetos voluntários nos quais você se envolve dizem muito sobre você porque é onde você escolhe colocar seu tempo não remunerado. São a expressão e a prova máxima da genuinidade das suas paixões.

10. Projeto concreto 
A alma que você coloca nas suas ações se reflete nos resultados que geram, nas pessoas que impactam, nas vidas que transformam. Identifique esses resultados. Eles podem ser pequenos ou grandes - não importa; o que importa é o quanto você sentiu que valeu a pena, o quanto sentiu orgulho de si.

11. Insight
Lá no começo a gente falou sobre uma situação que provocou sua reflexão. Provavelmente ao longo de toda essa trajetória que fizemos você acabou explorando as facetas que permeiam essa reflexão. Entendeu algumas coisas, continua sentindo curiosidade sobre outras, e talvez tenha recebido alguns insights sobre como solucionar os problemas que identificou. Se isso tiver acontecido, anote aqui.

12. Projeto concreto evoluído 
Se esse insight já aconteceu e te levou a ir ainda mais fundo nos seus projetos, como foi isso?

13. Conclusão
Alguma conclusão que você tira a partir de toda essa história?

14. Hiato
O que falta mudar, lapidar ou preencher no mundo, que você poderia ajudar a resolver?

15. Solução
Aqui a gente vai considerar que a solução para você resolver isso é um mestrado. Mas o que nesse mestrado, especificamente? Que disciplinas vão te ajudar a entender a causa desse problema? Que contatos podem te fazer alcançar as ferramentas que você precisa para isso? Isso está no Reino Unido? Em que cidade? Em que universidade? Em que empresas/ONGs/OIs/comunidades? E por que lá especificamente?

16. Passo seguinte
Hora de pegar todo esse aprendizado e contatos e ampliar a transformação que você já vinha fazendo. Qual o primeiro passo, logo depois de voltar? Como esse primeiro passo te leva ao segundo, no médio prazo? E quem é que você vai ser lá na frente? Permita-se se enxergar onde você quer estar. Dá um frio na barriga, né? Se não sentiu as borboletas, ouse um pouco mais. Não interessa o que te disseram, não importa o que fizeram você acreditar, esquece toda aquela história que nos contam sobre arrogância. As pessoas constumam confundir autoconfiança com prepotência. Arrogância ou prepotência é achar que se é melhor que alguém. Isso não existe. Autoconfiança presume humildade. É ter consciência sobre suas capacidades e também suas oportunidades de crescimento, sabendo que ninguém é melhor ou pior que ninguém. Somos apenas diferentes, em múltiplas fases, e, por isso mesmo, complementares. As coisas só funcionam bem na coletividade. Por isso, explorar nosso máximo potencial beneficia a todo o universo.

17. Impacto multiplicado 
É esse o mundo que você quer. E você faz parte desse mundo, ele precisa de você. Por isso, você pode e deve ajudar a moldá-lo dessa forma. E o melhor: o plano já está todo traçado. As ferramentas, as habilidades e a rede de seres humanos tão incríveis como você estão aí, para que a transformação aconteça. Com Chevening ou sem Chevening, você vai fazer a diferença. Eles não seriam loucos de não estar do seu lado nessa.

Vai fundo! E depois me conta se te ajudou?



Links úteis:

"Mas nem todo homem..."

Por que as frases "mas nem todo homem é assim" e "feministas culpam todos os homens pelo estupro, menos o estuprador, e colocam ele como o coitadinho da sociedade" são vazias?

Porque a epistemologia feminista (que, vale ressaltar, está sempre em transição) não é uma análise de CPFs. Não estamos falando de você, amigx. Nem do José, do Pedro, do Leonardo. Não se trata de indivíduos, e sim de um sistema, chamado patriarcado. Um sistema que você, ou o José, o Pedro e o Leonardo, e eu também, alimentamos todos os dias, de diversas formas.

Esse sistema veio de caravelas para a América, há aproximadamente 500 anos. Serviu como ferramenta de dominação, a partir do racismo, criado aqui. Uma elaboração de conceitos de "humano" (branco) e "não-humano" (não branco), usada pelos colonizadores para justificar as barbáries cometidas contra povos originários e africanos.

A partir dessa dominação, se desdobram as questões de gênero. Para demonstrar poder sobre outro homem, estupra-se sua mulher. Comportamentos considerados femininos, quando praticados por homens, são punidos. Mulheres não possuem direitos e são propriedade de seus maridos. Comportamentos e classificações étnicas e de raça são usados para o estabelecimento de "categorias" de mulheres: aquelas consideradas apenas para lazer e prazer, as que não merecem respeito devido aos seus comportamentos, as que se estão de acordo com as regras sociais e podem entrar na fila do casamento, e assim por diante.

Objetos. Sob diferentes transversalidades e níveis de opressão. E qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência.

Mas aí quando o José, o Pedro e o Leonardo nascem, a gente ouve: "mas coitados, gente, eles não têm culpa. O José virou um estuprador porque é doente, mas o Pedro e o Leonardo? Homens de bem. Castrem o José! Pronto. Não é genial?"


Não. Primeiro porque se o José estupra, não é porque ele é doente. É porque a sociedade está doente. E por meio dela, o José aprendeu, através de símbolos, linguagem e representações, o ensinamento ancestral de que mulher é objeto e, não só que ela precisa ser vulnerável em relação a ele, mas que ele só será considerado e respeitado como homem se impuser respeito sobre ela, muitas vezes a partir da violência. A partir disso, entende-se que o respeito que se deve a ela está relacionado a comportamento, vestimentas e espaço, e ele precisa controlar tudo isso a fim de manter sua masculinidade em dia. Afinal, ensinaram a ele que ela existe para servi-lo. Ou seja: castrar o José, meu amigo, não vai fazer ele parar de estuprar. No máximo, vai fazer ele arrumar um cabo de vassoura. Porque estupro não é sobre prazer: é sobre exercício de poder.

E aí vem o Pedro, que está a um passo de virar José. Ainda faz piada de mulher, compara sua esposa ao seu carro, colocando-a como objeto e posse, vai à missa de mãos dadas com a namorada mas puxa ela pelo braço com força numa discussão, humilha homens que reproduzem comportamentos considerados femininos, passa a mão ou beija sem consentimento na balada, categoriza mulheres de acordo com seu comportamento, vestimentas ou espaço que estão ocupando. Ele faz isso sozinho? Não. As pessoas riem das piadas machistas dele. Ninguém se mete quando ele perde o controle com a namorada. A sociedade reverencia e aplaude, porque é a mesma que criou José.

E tem Leo, o santo. "Como vocês têm coragem de apontar o dedo pra mim? Eu, que ajudo a trocar as fraldas das crianças, que lavo a louça!" Bom, primeiro que não foi pra você, Leo. E segundo: que ótimo tudo isso! Mesmo! Mas lembre-se: você também é beneficiado pelo sistema patriarcal, e alimenta o comportamento do Pedro. Então, se quer mesmo ajudar, que tal trocar "mas nem todo homem" por "vocês têm razão. Eu sinto muito. Conte comigo pra observar e corrigir isso aí."

E quanto ao início do texto, eu me enganei. Frases como "mas nem todo homem é assim" e "feministas culpam todos os homens pelo estupro, menos o estuprador, e colocam ele como o coitadinho da sociedade" não são vazias.

Elas estão cheias. De intenção. Intenção de se abster da conversa, intenção de encerrar a conversa, intenção de mudar o foco, intenção de dormir tranquilo enquanto a barbárie segue.

Agora que você sabe, é só escolher um lado.

sexta-feira, 17 de abril de 2020

A fenda

Naquele dia eu já sabia, e hoje me foi confirmado. Eu estava presa em uma fenda entre o tempo e o espaço. Com ela. Era um tempo contado e interminável. Se estendia pela imensidão do firmamento, tal e qual sua matéria-prima. Receios envolventes, borboletas no estômago, fúria contida. O desassossego pacífico do querer.

O trem estava cheio, mas que engraçado: tanta aglomeração, e ninguém existia. Éramos só nós - estávamos absolutamente sós. Presas pela tão raramente celebrada distância que separa os cantos dessa cidade. Esse lugar onde tantas vezes, antes do nosso encontro, sonhei morar. Mais uma estação. Não era a nossa. Ufa. Outro mergulho num universo desconhecido estava permitido. Eu descobria ela. E com ela eu sentia o prazer de estar longe, bem longe, do mundo.

Se foram dez ou mil passos até o apartamento dos nossos amigos, não sei. Sei que flutuamos, e havia luzes no caminho. Algumas partiam dos arranha-céus, num contraste aos faróis dos antigos carros a abrigar sisudos - ainda que polidos - taxistas ingleses. Outras vinham de seus olhos e sorrisos. E me cegavam brevemente. Era ali? Algo me dizia sim. Havia uma cadência, daquelas que embalam o desejo à beira da consumação. Mas segui.

Chegamos e, não fosse o aroma da culinária indiana, a bolha talvez não tivesse resistido. Palavras em um idioma desconhecido. Quão amável? Mais um suspiro distante da lucidez. Um sopro em meus ouvidos repetiu: é uma fenda. Era sim. E aproveitei esse hiato na nossa existência para notar seus dedos. A cor dos seus cabelos. Apreciar as palavras que ouvi de sua boca; algo que não volta mais.

A rachadura aos poucos se fechava. O rasgo na realidade chegava ao fim. Não nos beijamos, não nos tocamos. Mas naquela brecha entre o tempo e o espaço, eu sei, fui sua. Fui sua nos cafés de Roma, nas ruínas de Cusco. Dividindo a vista da aurora boreal, embriagadas pelas ruas da Jordânia. Em cada canto daquela casa, no vagão que nos levou de volta. Fui sua em todos os lugares desta e de outras dimensões por uma fração de segundo que até hoje se repete em alguma galáxia. E nesse instante breve e eterno, nesse espaço estreito e desmedido, eu sei que ela também foi minha.



Tempos de incerteza também são tempos de quebra

Estrutura social de gênero é o nome chique dado ao sistema desigual no qual a gente vive. Sabemos como é sua carinha: patriarcal, cisheteronormativa e capitalista. Um complexo de relações, hierarquias, poderes, ideologias, hegemonias, processos e burocracias. Um combo de regras traduzidas por meio de cultura, conhecimento e leis que fundamentam o status-quo, mantendo seguros os interesses de uma minoria - de um pequeno conjunto de pessoas. Esta minoria, por sua vez - e por óbvio -, protege de volta a estrutura social com unhas e dentes. 

Em outras palavras, é aquela (contra) lógica que a gente não sabia explicar muito bem quando era criança, ao ver nosso irmão sentar-se no sofá com nosso pai enquanto seguíamos para a cozinha para ajudar nossa mãe com a louça. Ou a premissa não comprovada - porém universalmente aceita - de que homens são mais racionais e mulheres são mais cuidadosas. É a doutrina enraizada em nosso subconsciente de que o espaço público pertence ao gênero masculino (branco, hétero, cis), enquanto a esfera familiar é responsabilidade do gênero feminino. Um paradigma que se alimenta da ideia da menina que lava a louça e se torna delicada, que se nutre a partir de um emaranhado binário de emoções: amor e ódio, elogio e constrangimento. Nessa teia, se materializa a opressão, violência e desigualdade, em suas mais profundas interseccionalidades. 

Aí nos perguntamos: há como quebrar essa estrutura, se os livros que lemos, as teorias que aprendemos, as filosofias acerca da nossa existência, foram ditadas pelos donos do espaço público? Se os nossos corpos são controlados e nossos gêneros sufocados pelos mesmos sujeitos? Se nossas histórias foram contadas pela perspectiva de outrem? Se o que sabemos sobre protagonismo é o que vem desse outro? E se todo esse conhecimento, esse poder, essa herança, servem a um sistema que a nós não serve?

Bom, depois de ouvir as letras de Mulamba, os discursos de Marielle, de aprender com bell hooks e testemunhar o crescimento dos projetos das nossas sapasbis; depois das conquistas árduas do movimento indígena, de observar a forma como a luta para reverter essa conjuntura vem ganhando força, eu diria que a resposta é sim. Muito sim. Há como romper com ela. Tempos de incerteza como o que enfrentamos também são tempos de ruptura. 

É hora de trocarmos as velhas referências europeias e estadunidenses por coisas nossas, brasileiras. De substituir as desgastadas convicções da Avenida Paulista, pelos ancestrais conhecimentos indígenas. De ouvir as mulheres da periferia, que há séculos gritam. Mais: é hora de correr atrás de megafones, de usarmos nossos diferentes lugares para fazer coro a essas vozes. Ecoá-las em todos os espaços. 

Estrutura social de gênero é o nome chique dado ao resultado do mutismo milenar imposto a quem, a partir dessa ordem, sangra. E no timbre único de cada voz silenciada está o porrete para romper as correntes e triturar as unhas e os dentes do status-quo. É tempo de ouvir, e também é tempo de falar. De entender que todas nós temos algo importante a dizer e que precisamos ser ouvidas. Você, que é mulher, negra, indígena, trans, lésbica, bissexual. Que é da favela, que é mãe, que é de comunidade tradicional. Você que não se adequa aos padrões de beleza - e nem quer. Chegou a hora de empunhar sua voz. O Cássia é um coletivo de corações que nasceu para transformar vergonha em poder, solidão e medo em pertencimento, silêncio em voz. 

Por isso, esse espaço te pertence. Então, para seguirmos juntas, conta pra gente: o que diz seu coração?

Marina Sperafico é Mestranda em Gênero, Desenvolvimento e Globalização pela LSE, Bolsista Chevening e membra do Coletivo Cássia, coletivo de mulheres de lésbicas e bissexuais (cis ou trans) do Grupo Dignidade, primeira ONG no Paraná e a segunda mais antiga do Brasil, que atua desde 1992 na defesa e promoção dos direitos LGBTI+. Coletivo Cássia é parceiro da Puta Peita na frase Eu estou com ela.

Texto publicado no Blog do Coletivo Cássia e no #putablog em abril de 2020.