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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Dez anos de caos e paz

Esse ano, em setembro, vai fazer dez anos que escrevo aqui. Nessa espécie de diário aberto ao público. 

Comecei a escrever nele por um motivo muito simples: falta de ar. Eu estava sufocada. De amor. Era meu primeiro contato com ele. E, asfixiada também de dor - no auge dos meus 20 anos - acho que escrever e publicar me dava, além da sensação de alívio de colocar os sentimentos para fora, a esperança de algum consolo. Eventualmente uma alma virtual por ali vagante poderia se identificar com meu desespero e compartilhar um pouco de benevolência e conforto.

Se a tática era mesmo essa, deu certo. Relendo os poucos comentários da época senti, de fato, bastante carinho. Saboreei todos sorrindo e interagi com eles na minha mente. Então me dei conta de que quase nenhum recebeu resposta. Por que será? Forçando um pouco a mente, cheguei à conclusão de que, provavelmente, eu fazia isso por três motivos principais:

1. Vergonha: eu não queria que as pessoas percebessem minha carência. Na minha cabeça, portanto, ignorar poderia fazê-las pensar que eu não estava nem aí para os comentários. Que queria apenas escrever, sem expectativas de retorno. 

2. Insegurança: minha autoestima era tão, mas tão baixa, que eu tinha medo que as mensagens cessassem caso eu respondesse. Sim, eu tinha certeza de que qualquer coisa que eu fizesse, daria merda.

3. Obsessão: nada me preenchia, fora minha obsessão. Eu poderia estar rodeada de possíveis amores, amigos que me quisessem bem ou familiares que cuidassem de mim. Ainda assim, eu sentiria falta daquela determinada criatura, e só dela. A solidão era tão grande que toda e qualquer explosão de amor voltada a mim seria vista, na melhor das hipóteses, como... fofa. Por mais triste que isso seja.


Enfim, reli vários posts e encontrei uma menina assim, quebradinha. Tentativas de escritos que mais pareciam fluxos de consciência, poesias tristes, músicas de lamento e, entre um pico de depressão e outro, publicações super felizes e animadas. Hoje é perceptível a necessidade que eu estava de uma forcinha profissional. Apoio esse que claramente deveria ter procurado, mas não o fiz. 

Felizmente houve evolução nos posts. Não foi tão rápido mas, dez anos depois, eles estão bem mais objetivos, organizados, claros e firmes. Sinto orgulho ao ver que hoje consigo compreender melhor o que se passa dentro de mim e, assim, poder compreender e, eventualmente, até ajudar, quem está a minha volta, estabelecendo relações mais maduras e positivas.

Ainda há dor, é claro. Muitas decepções, inseguranças e até pequenas obsessões. Mais amenas, no entanto. A ansiedade diminuiu bruscamente. A inconstância também. Estou mais segura de quem sou, com menos medo de ser essa pessoa, de enfrentar as consequências inerentes a esse fato. E também de desfrutar, sem culpa, as delícias singulares a ele. Sentir a paz que construí (não sozinha) ao longo desses dez anos me dá estrutura emocional para tentar transmitir ela adiante. E eu estou muito animada para isso.

Foi gostosa essa viagem. 

Te vejo aos 40, Marina. Vê se não decepciona nessa próxima década.

5 comentários:

  1. Parabéns pela 10 anos,quero ler todos, virei fã!!Vc com baixa auto estima é piada haha

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    1. Eita, que coisa boa. Sinta-se em casa! Sobre a auto-estima, bota baixa nisso, viu... Ninguém deveria se sentir assim. Que bom que passou! :)

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    2. Obrigada! Adoro ler o que vc escreve, bom que passou,vc até respondeu haha,confesso que minha auto estima não é lá essas coisas kkk.E pára com essa vergonha!! Continua escrevendo pessoa do bem!

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    3. Vou continuar escrevendo. E você, continue me dando oi. E boooora melhorar essa autoestima aí que nós, pessoas do bem, precisamos estar sempre fortes!

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    4. Gostei da foto!! Ficou melhor!!

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