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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Annie Hall

"I would never want to belong to any club that would have someone like me for a member."

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nozes

Tenho observado com cautela o comportamento das pessoas e suas atitudes na vida em sociedade. E seja no ambiente corporativo, familiar, político, social, enfim, qualquer que seja o meio no qual estejam inseridas, preocupa-me a instabilidade, a ausência de propósitos, a fragilidade das personalidades, ante questões diversas que lhes são impostas.
As pessoas parecem tomadas por um senso de urgência, um imediatismo subserviente, através dos quais manifestam-se em defesa de interesses de curto prazo, pontuados isoladamente e localmente, como se estivessem desconectadas do organismo social.
Políticos fazem alianças historicamente incongruentes em troca de alguns minutos adicionais no horário eleitoral gratuito, independentemente da dissonância ideológica e pragmática futura em caso de êxito no pleito. Profissionais travam um verdadeiro jogo de xadrez em suas companhias prejudicando o colega da mesa ao lado em lances ardilosos engendrados nos corredores e nas pausas para o café, em busca de uma notoriedade que pretensamente lhes venha conferir uma maior remuneração. Amigos cultivados ao decorrer de anos capitulam nos momentos mais críticos, negligenciando ajuda e apoio. Familiares desagregam-se ao primeiro sinal de dificuldade econômica. Pais apregoam a ética a seus filhos, enquanto ultrapassam veículos pelo acostamento no final de semana, tendo-os por testemunhas.
Há uma inversão recorrente dos valores, da ética, da moral, do caráter. As pessoas deixam de ser o que sempre foram e passam a estar o que lhes convém.

COELHO, Tom. Comportamento Humano. Disponível em: <http://www.portalbrasil.net/comportamento_colunas_2003_setembro4.htm>. Acesso em: 11 dez. 2008.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Saber poético

No dia em que você enxergar beleza e principalmente vida nas coisas mais simples e inertes. Neste dia você vai saber fazer poesia, disse ela.

Evento Social

Abriu os olhos ainda sonolentos, tomou um rápido banho frio e pôs-se a olhar no espelho. Seu rosto mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha guardados os motivos. Soltava frases tolas e impacientes - talvez ríspidas -; era o que tinha para hoje. E para ontem. E para amanhã também.
Acompanhada pela quadrilha, chegou, armada quase até os dentes (na verdade esquecera uma parte da munição em casa, o que lhe rendeu a desaprovação geral das companheiras) ao destino final. Passaram todas sem maiores complicações pela ingênua (ou seria indiferente?) segurança que revistava os "privilegiados" que entravam, e depois iniciaram, de forma lenta, o ritual.
A divisão de classes na parte interna era clara. Os donos do espaço haviam reformado a casa para adaptar-se aos caprichos de seus clientes e o que antes era uma extensão comum havia se transformado num labirinto. Se o número de pessoas não fosse suficiente para atravancar a passagem, havia os ferros, demarcando a superfície destinada a cada grupo.
O tamanho do cercado variava de acordo com o poder aquisitivo do ajuntamento. Mais importante, entretanto, que as dimensões do redil (que até podiam ser pequenas, fosse também o número de pessoas - animais? - a serem "guardadas") era ter uma garrafa de Grey Goose sobre a mesa.
O ponto de abstração crítica terminou sendo, como não raras as vezes, a música. Era alta e bem expressada... tão bonita e entusiasmante que aqueles seres humanos chegaram a parecer amigáveis. Pareciam felizes.
Mais sorrisos. O rosto agora mostrava traços de felicidade, confusão e ansiedade, mas a boca mantinha vivo o espírito da tranquilidade e da paz. Tudo era engraçado. Até a arrogância da loira abrindo caminho para chegar ao seu camarote VIP. Pulso quebrado e ar de Lady Di, olhando por cima dos ombros. Engraçado. Não sei se por causa da música ou pelo fato de ela ter dado de cara com os ferros do cercadinho na altura do quadril: "aiii, aqui não passa!!!".
A missão da quadrilha, que acabou não sendo mencionada no texto, incluía extermínio de pequenos animais (verdes) e choque mental social. Bom, apesar de alguns contratempos como dificuldade de comunicação/expressão, desconfiança e perturbação, ambas foram concluídas com êxito. E diversão.
O fim da noite contou com videogame... desenhos. Enfim. Um a um, morreram todos os soldados caricaturados. Os mais resistentes - estranhos, bizarros, curiosos - já não se entendiam. Haviam se mantido bem, isso é fato, mas lhes restava pouco. Pouco tempo, pouca energia, pouca razão. Dormir, dormir. Vermelho. Em Brasília, 19 horas. Pensou... pensou... pensou...
E fechou os olhos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Não tem crise

Do diretor de criação de uma agência, sobre a crise mundial.

"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.

Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.

Gente faminta.

Gente pobre.

Gente sem futuro.

Durante décadas, vimos essas imagens.

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.

São imagens de miséria que comovem.

São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá, sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver problema da fome no mundo.
Resolver, capisce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia."

All your fault



[You've already won me over in spite of me]

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Just GO HOME!

Actually we gotta abstract ourselves off this sick jungle of rocks. And computers. And life. This whole nonsense circle of stress and rudeness, where people think power and reason mean intelectual superiority. Human superiority. Bunch of ignorants. Bunch of blind stupid ignorants, completely unable to see the world as an extention from the past. Go to hell with your moment of shit, go to hell with your small and insignificant thoughts. Things come back around(your enviable experience should have tell you that!). Your fuckin shit will get solved in the end. Go to hell. Look at yourself, just for once, idiot. And go to the fuckin hell.

(...)

We gottabstract... We gottabstract... I´ve gottabstract! That is social life, and our own life would not work that well if we didn´t make it.

Oh whatever!!! TO HELL!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O que você faria se não tivesse MEDO?

Pularia de pára-quedas sem pára-quedas? Beijaria seu suposto "apenas bom amigo"? Contaria suas maiores loucuras para a sua mãe mega-religiosa? Mandaria seu chefe à merda? Mataria alguém? Transaria sem camisinha a vida inteira?

Há quem diga que não faria nada. Há quem defenda o medo. Enfim, ele é bom e é ruim, a intenção aqui não é discutir sobre sua importância para nossa sobrevivência ou boa convivência.

O que me interessa é a relação do medo com a afetividade. O medo nas situações pueris.

Qualquer um confessa que não teria coragem de cuturar uma cobra venenosa com o dedinho. É simples admitir que sair pelado na rua não é tarefa para qualquer um. Ninguém, contudo, gosta de dizer que não ligou para o fulano porque deu MEDO de levar um "não". É muito mais simples jogar a culpa na arrogância: "Deixa ele ficar mais ansioso..."

Medo de dizer "eu te amo" e não ouvi-lo de volta com a mesma sinceridade. Medo de olhar nos olhos, contar um segredo de Estado e a resposta ser uma bela de uma gargalhada. Medo de não ser aceito, de não ser como os outros querem que sejamos.

São esses os medos que mudam nossa vida, não o medo de se queimar nas lavas de um vulcão.

Quando questionamos as pessoas, "o que você faria se não tivesse medo?", nós as encorajamos. A impressão que dá é de que o receio fica menos significativo, e percebê-lo tolo impulsiona o outro para a superação do desafio.

Nem todos os medos são positivos, muitas vezes os que circundam nossa vida social são muito mais negativos que qualquer outra coisa. E muitos são fáceis de driblar: falta coragem.

O maior medo que deveríamos ter, contudo, é o de que a vida não vai esperar eternamente pela nossa ousadia.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Canção do amor que chegou

Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim

Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim

Vinicius de Moraes

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dead

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade