Aqui tem de tudo. Eco e tino. Sangue e prazer. Amor e fúria. Devaneio e feminismo. Aqui eu abro meu coração sem pretensão. Encho essas páginas para libertar minha mente.
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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Expectativas
Pois hão de ter menos que pretendem
Se há uma lição que ensina o tempo
Esta há de ser a da verdade
De que expectativas servem nada mais que de consolo
Aos olhos e mentes - e o peito - que tanta sede
Têm de achar o que lhes compraz
Mas de tudo o que resta é a ilusão
A fé que aos poucos vira cinza
E da cinza, muitas vezes, vem a raiva
Criada pelos olhos e a mente - e também o coração.
Pois de tudo o que tinham planejado, restar-lhes-á, apenas,
A dura e crua, talvez doce, realidade.
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Sobre o sexo
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Nozes
Tenho observado com cautela o comportamento das pessoas e suas atitudes na vida em sociedade. E seja no ambiente corporativo, familiar, político, social, enfim, qualquer que seja o meio no qual estejam inseridas, preocupa-me a instabilidade, a ausência de propósitos, a fragilidade das personalidades, ante questões diversas que lhes são impostas.
As pessoas parecem tomadas por um senso de urgência, um imediatismo subserviente, através dos quais manifestam-se em defesa de interesses de curto prazo, pontuados isoladamente e localmente, como se estivessem desconectadas do organismo social.
Políticos fazem alianças historicamente incongruentes em troca de alguns minutos adicionais no horário eleitoral gratuito, independentemente da dissonância ideológica e pragmática futura em caso de êxito no pleito. Profissionais travam um verdadeiro jogo de xadrez em suas companhias prejudicando o colega da mesa ao lado em lances ardilosos engendrados nos corredores e nas pausas para o café, em busca de uma notoriedade que pretensamente lhes venha conferir uma maior remuneração. Amigos cultivados ao decorrer de anos capitulam nos momentos mais críticos, negligenciando ajuda e apoio. Familiares desagregam-se ao primeiro sinal de dificuldade econômica. Pais apregoam a ética a seus filhos, enquanto ultrapassam veículos pelo acostamento no final de semana, tendo-os por testemunhas.
Há uma inversão recorrente dos valores, da ética, da moral, do caráter. As pessoas deixam de ser o que sempre foram e passam a estar o que lhes convém.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Saber poético
Evento Social
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Não tem crise
"Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá, sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver problema da fome no mundo.
Resolver, capisce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia."
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Just GO HOME!
(...)
We gottabstract... We gottabstract... I´ve gottabstract! That is social life, and our own life would not work that well if we didn´t make it.
Oh whatever!!! TO HELL!!!!!!!!!!!!!!!!!
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
O que você faria se não tivesse MEDO?
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Canção do amor que chegou
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim
Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Dead
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Gostar de mulher
Por isso as mulheres em geral andam insatisfeitas. Sensibilidade é fundamental, paciência também. O homem que não tem paciência para ouvir a necessidade que a mulher tem de falar ou sensibilidade para cativá-la a cada dia, não gosta de mulher. Pode gostar de sexo com mulher, o que é bem diferente. Gostar de mulher é algo além, é penetrar no seu universo, deliciar-se com o modo com que ela conta todo o seu dia, minuto por minuto, quando chega do trabalho. Ficar admirando o seu corpo, ser um verdadeiro devoto do corpo feminino, as curvas, o cabelo, seios.
Mas também cultivar a sagacidade feminina, sua intuição, admirar o seu sorriso, que é muito mais espontâneo que o nosso. Gostar de mulher é querer fazê-la feliz, levar flores sem nenhum motivo a não ser o de ver o seu sorriso. É ouvir pacientemente todas as suas queixas. O homem que gosta de mulher não está preocupado em quantas mulheres ele comeu durante a vida, mas sim, com a qualidade do sexo que teve. Quantas mulheres ele realizou sexualmente, fazendo-as se sentirem desejadas, amadas, únicas, deusas, na cama e na vida.
O homem que gosta de mulher, não come mulher. Ele penetra não só no corpo, mas na alma, respirando, sentindo, amando cada pedaço do corpo, e, é claro, da personalidade. "Para viver um grande amor é necessário ser da sua mulher por inteiro", afirmou Vinícius de Moraes no poema; Para amar verdadeiramente uma mulher, o homem deve ser totalmente fiel, jamais trai-la! Amá-la até na raiz dos cabelos. Admirá-la, deixar-se apaixonar todo dia pelo seu sorriso ao despertar e principalmente conquistá-la, seduzi-la, como se fosse a primeira vez. O homem que não tem paciência, nem tesão, nem competência para seduzi-la várias e várias vezes, esse, não se iluda, não gosta nem um pouco de mulher.
Conquistar o corpo e a alma de uma mulher é algo tão gratificante que tem que ser tentado várias vezes. Só que alguns homens, os que não gostam de mulher, querem conquistar várias mulheres. Os que gostam de mulher é que conquistam várias vezes a mesma mulher. E isso nos gratifica, nos fortalece e nos dá uma nova dimensão. A dimensão da poesia, do amor e em última instância, do impenetrável universo feminino. Gostar de mulher e penetrar no seu universo, não é torná-las cativas, e, sim, libertá-las, admirá-las na sua insuperável liberdade.
Uma das músicas com que mais me identifico é uma em inglês – por incrível que pareça. “Have you really ever loved a woman.” do cantor Bryan Adams. A música foi tema do filme Don Juan de Marco, e numa tradução livre, quer dizer “Já amou realmente uma mulher?". Por toda a música o cantor fala sobre a necessidade de se conhecer os pensamentos femininos, sonhos, dar-lhe apoio, para amar realmente uma mulher. Essa música é perfeita. Como se vê, gostar de comer mulher é fácil, agora, gostar de mulher, é dificílimo!
Autor desconhecido
Have you really ever loved a woman, man?
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Em defesa dos poetas
Faça o teste: abra um livro. Coragem, vai. Abra um livro bom! Poesia. Vinicius de Moraes, Fernando Pessoa, velho Braga, Rubem Alves...
ALVES, Rubem. O Amor que Acende a Lua: em defesa das árvores.
Os que têm poder não lêem, e se lêem não levam a sério. As razões que movem a política são as razões dos machados e das serras; não são as razões da beleza. Escrever, pra quê? Para sensibilizar o vizinho que gosta mais de um muro que de um ipê.
Se o mundo fosse povoado apenas por poetas e escritores não haveria guerra.
Um bom livro sempre nos deixa com o coração mais leve.
Coragem, vai.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
E daí
Proibiram que eu te visse
Proibiram que eu saísse
E perguntasse a alguém por ti
Proíbam muito mais
Preguem avisos
Fechem portas
Ponham guisos
Nosso amor perguntará
E daí, e daí
Daí por mais cruel perseguição
Eu continuo a te adorar
Ninguém pode parar meu coração
Que é teu
Gal Costa
quinta-feira, 17 de julho de 2008
O caçador de pipas
Tinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo.
Mas me agarrei aquilo. Com os braços bem abertos.
Porque, quando chega a primavera, a neve cai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse testemunhado o primeiro floco que se derretia.
- The Kite Runner
AINDA não li.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
sobre o tempo
tempo de amor - vinícius de moraes e baden powell
faz tanto tempo que eu não me encho de sentimentos que chega a ser estranho parar pra escrever. não ultrapassa as amarras da razão se não transborda ou não é rebelde. vira chafé; sem graça. é como ela dizia: você gosta é de emoção. é de chacoalho. de não dormir chorando uma noite e sorrir no dia seguinte.
"não existe coisa mais triste que ter paz, e se arrepender, e se conformar, e se proteger, de um amor amar..."
terça-feira, 8 de julho de 2008
Admirável Mundo Novo
"A vida faz de nós máquinas, mas enquanto tivermos sentimentos seremos humanos..."
Hoje não quero escrever. Quero poupar idéias e fazer sobrar ações. Quero magoar muitos e fazer outros fatalmente felizes. Quero perder amigos e colecionar amantes. Quero revelar sentimentos que lutei para que permanecessem inertes em meu espírito obscuro e medíocre. E quero, pela primeira vez, expor essa minha personalidade aos holofotes seletivos que são os olhos da sociedade. Seria essa a morte do meu "eu-social"? Penso com os olhos sobre o mundo mecânico que nos cerca. A cidade... A cidade não passa de um filme de quinta, com atores tão manipuláveis quanto títeres e que anseiam por seus espaços nos créditos finais, mas não têm a menor capacidade de uma atuação de destaque. Não, definitivamente não é este o meu destino. Eu quero o extremo, o meio já não me interessa. Eu quero alcançar o apogeu do prazer. Acendo um cigarro, me sirvo de whisky - felizmente existe o álcool na vida. Bebo para esquecer, para me libertar de mim, para arrancar todas as amarras com as quais o mundo insiste em me aprisionar. Amanhã, a ressaca aparecerá e revelará inútil o meu esforço, lá fora o circo continuará armado e os palhaços parecerão não perceber o espetáculo incessante do qual participam. Ah, Admirável Mundo Novo*, onde estarão as minhas doses diárias de soma? É certamente a falta delas que me mantêm vislumbrando esse patético mundo do alto ao invés de juntar-me à massa e agir como mais um humano robótico e fabricado. Mais uma dose, mais um cigarro. O silêncio da cidade fervilhando grita e me atira em um oceano sem fundo de loucura, impotência e melancolia. Mais uma dose, mais um cigarro. Os meus olhos testemunham a minha desgraça, como construir um mundo melhor? Como livrar a massa dessa ignorância eterna, desses desejos fabricados? Mais uma dose, mais um cigarro. O mundo já não é tão ruim, os problemas já não são tão graves, as pessoas já não são tão fúteis, talvez ainda haja esperança. Mais uma dose, mais um cigarro. Os problemas parecem supérfluos, o espírito agora anseia pela dança e o corpo anseia pelo prazer. Mais uma dose, mais um cigarro. Saio do meu apartamento, desço as escadas, percorro as ruas e, junto à massa, procuro música e sexo. Encontro-os, como sempre, à minha espera.
*Admirável Mundo Novo - Escrito por Aldous Huxley em 1931, é uma “fábula” futurista relatando uma sociedade completamente organizada, sob um sistema científico de castas. Não haveria vontade livre, abolida pelo condicionamento; a servidão seria aceitável devido a doses regulares de felicidade química (soma) e ortodoxias e ideologias seriam ministradas em cursos durante o sono.
U-M L-I-V-R-O S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L
Não procure
Eu encontrei-a quando não quis
Mais procurar o meu amor
E o quanto levou foi pra eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo jornal
Na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguem dirá
Que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor
A gente é que sabe, pequena
Ah, vai
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
Eu levo essa casa numa sacola
Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê
Deve não ser
Você me falou
Pra eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor
Coragem no amor
E só de te ver
Eu penso em trocar
A minha tv num jeito de te levar
A qualquer lugar
Que voce queira
E ir onde o vento for
Que pra nos dois
Sair de casa ja é
Se aventurar
Ah, vai
Me diz o que é o sossego que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar
E se o tempo for te levar eu sigo essa hora
Eu pego carona
Pra te acompanhar
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Sessão Mário Quintana - III
A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.
Sessão Mário Quintana - II
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
Sessão Mário Quintana - I
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Uma letra de música é o suficiente?
side. You´re the one I believe in. Please don´t get me frustrated.
You won´t.
Não pensa mais nada, no final dá tudo certo de algum jeito...
Toledo me acolheu no friiiiiiiiiiiiiiiiiio!
sexta-feira, 11 de abril de 2008
sábado, 5 de abril de 2008
Tudo mentira.
Há, é claro, os transparentes, raros cidadãos. Geralmente passados para trás. Senão vejamos: para não mentir faz-se indispensável não agir erroneamente. Não agir é não gritar, chorar ou rodar. Como então se fará notar o sujeito? Quem não seduz não dança. Quem não quer dançar é porque falta-lhe fatuidade. Sem vaidade, portanto, não há dança. Quem não dança não engana. Só é enganado.
Não proponho aqui um complô contra a falsidade, não me apedrejem. Logo o sujeito leal aprende a ser adulto e passa a viver também na ficção. Esconder a verdade, afinal, é proteger quem amamos da solidão! Que triste seria a vida sem um cobertor de orelha, uma boca à disposição, uma mão quente, não?
Que essa mão segure a sua e de mais gente, todavia, é a forma mais crua de ermo que existe.
Infelizmente, só se transforma em gente grande a criança que aprende como a mentira é importante. Porque é inútil debater-se: o mal do século é mesmo a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância, esperando por um pouco de afeição.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Somos eu
Seu amigo disse: Quem és tu, ó homem fiel?
Ele disse: Sou eu.
O outro respondeu: Não podes entrar,
Não há lugar para o ‘cru’ em meu bem cozido banquete.
O pobre homem se foi, e por um ano inteiro
Viajou ardendo de dor pela ausência do amigo.
Seu coração ardeu até que cozinhou;
Então ele voltou e bateu à porta da casa de seu amigo.
Seu amigo gritou: Quem está à minha porta?
Ele respondeu: És tu que estás à porta, ó Amado!
O amigo disse: Já que sou eu, que eu entre;
Não há lugar para dois ‘eus’ em uma só casa.
Jalaluddin Rumi,
MASNAVI
quinta-feira, 20 de março de 2008
Paroles au Canapé
Espoir. Doute.
Demande, mensonge, doute.
Un jour je vais écrire un livre.
Ops, il faut que j´aille me faire belle.
Pour qui? Hum. On sait jamais.
À quelqu'un d'obtenir le meilleur de vous?
segunda-feira, 17 de março de 2008
sexta-feira, 14 de março de 2008
Um grande amor
Mas os grandes amores têm a queima dos navios em comum, têm as travessuras das noites eternas, a confusão das pernas, têm enlaces, pisadas em comum. Quando eles terminam fica a lembrança. E como todo grande amor pressupõe um cálculo em que o resultado final é sempre "felicidade positivo", as memórias mais freqüentes são aquelas que encheram o peito de alegria, ou que marejaram olhos, fazendo-os brilhar.
É difícil deixar ir um grande amor da mente. Todos os rivais são comparados, inconscientemente. Todos os mínimos atos do grande amor são observados e julgados e, inevitavelmente, por uma fração de segundo temos certeza absoluta de que aquela indireta foi para nós. O porém é que certeza absoluta conjectura paixão e pensamentos passioais se perdem no infinito. Logo vem a razão bater à nossa porta e com ela as dúvidas. E aí pesamos. E aí a aflição, novamente.
Se livrar de um verdadeiro grande amor não é tarefa para qualquer pelego. Há que ser valente o bastante para enfrentar o desconhecido amante, e paciente o suficiente para enganar o coração da gente. Pois uma hora ele acredita que os momentos vividos no passado nem foram assim tão ímpares e que daí a um "novo grande amor" são dois palitos.
Afinal, somos nós que os pintamos de ouro e os cobrimos de cores. Parece perfeito depois que acaba. Mas a magia do grande amor limitado é justamente a sua condição de exausto. Só assim ele é visto de longe, só assim se protege da rotina e só assim conta com essa fantástica e utópica força que é o querer aquilo que parece impossível, mania do ser humano.
O grande amor finito vai estar sempre ali, orbitando, lindo, intocável, cheio de dúvidas e mistérios.
E é por isso que um grande amor quando termina, termina. Mas nunca acaba.
quinta-feira, 13 de março de 2008
Antología
Dos tempos áureos da Shakira!...
Para amarte necesito una razón
Y es difícil creer que no exista
Una más que este amor
Sobra tanto dentro
De este corazón
Que a pesar de que dicen
Que los años son sabios
Todavía se siente el dolor
Porque todo el tiempo
Que pasé junto a ti
Dejo tejido su hilo dentro de mí
Y aprendí a quitar al tiempo los segundos
Tu me hiciste ver el cielo aún más profundo
Junto a ti creo que aumenté más de tres kilos
Con tus tantos dulces besos repartidos
Desarrollaste mi sentido del olfato
Y fue por ti que aprendí a querer los gatos
Despegaste del cemento mis zapatos
Para escapar los dos volando un rato
Pero olvidaste una final instrucción
Porque aún no sé como vivir sin tu amor!
Y descubrí lo que significa una rosa
Me enseñaste a decir mentiras piadosas,
Para poder verte a horas no adecuadas
Y a reemplazar palabras por miradas
Y fue por ti que escribí más de cien canciones
Y hasta perdoné tus equivocaciones
Y conoci más de mil formas de besar
Y fue por ti que descubrí lo que es amar
Lo que es amar
domingo, 9 de março de 2008
Mutante
Se um dia eu roubar
O seu anel de brilhantes
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante
Como um troféu
No meio da bugiganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica!
Kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!
Juro que eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra
Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica!
Kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!
(Rita Lee / Roberto de Carvalho)
sexta-feira, 7 de março de 2008
Juno
Eu ia falar alguma coisa sobre o filme mas, depois de ler esse post, perdi a coragem:
http://smusica.blogspot.com/2008/02/trilha-sonora-juno.html
terça-feira, 4 de março de 2008
Pensionato
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar
Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você
Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração de quem sonhou
Sonhou demais
Ah, se eu pudesse entender
O que dizem seus olhos
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 3 de março de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Knowhow
É sentir o que se faz.
Não sai poesia senão da dor real
não há dor sem paz
nem paz sem bem-querer
(não... paz só há sem bem-querer)
Knowhow e vitrine não se bicam
Há que se passar de gente
a serpente
Acontece, mas não é sempre
Que lhe consente
esconder o nu abismo que eu vejo
entre a palavra e o sentimento
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Ela Faz Cinema
Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama
Quando me encara e desata os cabelos
Não sei se ela está mesmo aqui
Quando se joga na minha cama
Ela faz cinema, ela faz cinema, ela é a tal
Sei que ela pode ser mil
Mas não existe outra igual
Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente mais um personagem
Efêmero da sua trama
Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco, prevejo meu fim
E a cada vez que o perdão me clama
Ela faz cinema, ela faz cinema, ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém me faz
Eu não sei se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito cantar outra vez
Quando ela jura, não sei, por que, Deus, ela jura
Que tem coração e quando o meu coração se inflama
Ela faz cinema, ela faz cinema, ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem e fim
Chico Buarque de Hollanda
A parte que eu acho mais linda é quando ele diz: "quando ela jura, não sei, por que, Deus, ela jura que tem coração"... ^^
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
A Brincadeira
"O importante é ser como se é, não se envergonhar de querer aquilo que se quer, se desejar aquilo que se deseja. Os homens são escravos das normas. Alguém lhes disse que era preciso ser desse jeito ou daquele, então eles se esforçam para ser assim e não saberão nunca como eram nem como são. Conseqüentemente não são ninguém. Mais do que tudo, é preciso ousar ser você mesmo."
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Um sonho
Puts. Esse foi daqueles.
De acordar e chorar.
De saudade, vontade, angústia...
Ê, realidadezinha.
Como são mais ricos os sonhos. Mais interessantes...
Neles as pessoas que você ama, que nem se conhecem, conversam e andam juntas.
Vêem o que você quer que elas vejam. E você tem coragem para fazer o que sempre quis. Pois no sonho a atmosfera é leve... composta somente da sua essência mais pura.
Como dizem por aí: nada mais nos pertence, além de nossos sonhos. E não há melhor lugar para encontrar alguém. Principalmente quando o sonho antecede a ação.
Expectativas, olhos forçados ao despertar, totalmente fechados, para voltar a enxergar.
O sonho antecede a ação.
Dúvidas
Bem me quer, mal me quer?
Um minuto de silêncio,
E logo o desejo, de esclarecer um "será"
E o peito do amante
Não é um peito comum
É fato que o tempo
Bem mesmo que extenso, não o aquietará
Pois amador que se preze
Leviano, arrojado e sonhador
Não sente pena de, caso aconteça, morrer de dor
Gritará sua prece
A quem se ofereça ouvidor
Pelas migalhas sofridas, dos que não sofrem de amor
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Não, eu não sou feliz.
Não me venha com o velho clichê "você tem tudo", por favor.
Nem com a porra da merda da expressão "menina mimada"!
Sim, senhor, eu tenho tudo. Sim, senhor, eu tenho uma família linda que me ama, vários amigos e faço faculdade. Não, senhor, eu não moro numa favela. Não, senhor, eu não sei o que é acordar em meio a um tiroteio, nem sei o que é ficar sem ter o que comer durante três dias.
Agora, isso definitivamente NÃOOOOOOOOOOOOOO me tira o direito de expressar minha tristeza, minha indignação e meu cansaço!!! POUPE-MEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE(caralho!!!), dessa merda de obrigação de esconder meu sofrimento só porque EU NÃO SOFRO MAIS DO QUE OUTRAS PESSOAS!!!!!!!!!!!!!!!
É VOCÊ, sociedade HIPÓCRITA, materializada através de VOCÊÊÊÊÊ, MALDITO LEITOR DO MEU BLOG!, e um bando de outros idiotas, inclusive eu, que me dá asco. Porque todo mundo sabe que a culpa de haver fome no mundo é nossa... a culpa de o Brasil ser essa bosta, é nossa!, a culpa de haver tanta violência, É NOSSA. Sim, comeram a porra da maçã da serpente ridícula e agora a gente nasce assim, predestinado. Predestinado a ser rico. Predestinado a ser pobre. Predestinado a ter de assumir a culpa. A culpa herdada da porra dos nossos antepassados, que comeram a infeliz da maçã envenenada.
Tudo bem. Mas será que a gente, no lugar deles, também não teria comido a vermeinha fiadamãe?! É... é isso que nos prende à culpa: a dúvida!
Agora, você que já teve a oportunidade de ir a países de primeiro mundo, como o Canadá, por exemplo. Analise comigo: eles também carregam essa culpa que nós, desgraçados brasileiros, carregamos? Eles têm vergonha de ter dinheiro? Eles têm vergonha de ser infelizes, quando têm tudo para não o ser, e são? Não. Porque lá, todo mundo é igual. Não tem pobre, não tem rico, todo mundo é mediano. Todos são classe média alta, mermão. O governo provê todos os apetrechos que você necessita para manter sua saúde, para se deslocar, para estudar. Há empregos para todos. Então, onde é que NÓS erramos? Onde é que nós tivemos azar nisso tudo?
Terá sido quando Pedro Álvares Cabral atracou aqui? Não poderia ter rumado mais para o sul, quem sabe, Colombo???
Ou não. Nenhuma das alternativas: a culpa disso tudo é que enviaram às nossas terras apenas as prostitutas e os marginais... fomos criados pelos restos da sociedade e, por isso, não soubemos lutar pelos nossos direitos, pela nossa terra e nossas riquezas, ao contrário dos americanos, aqueles bostas?
Se esse tróço aqui foi criado para imortais como eu, que não sabem escrever, terem uma oportunidade de se expôr ao ridículo, então eu vou fazer bom uso.
O que me anda deixando pra baixo nos últimos dias é uma angústia muito grande gerada pela incapacidade de manifestação impositiva em relação aos meus pais.
Achou bobagem? Achou mesquinhez? Achou "coisa de patricinha mimada"? Pare de ler e vá fumar maconha com o resto da sua turma de pseudoperfeitinhos.
O que eu mais queria agora era conseguir um emprego bom, que pagasse minha moradia - nem que fosse dividida com mais cinco, meu estudo (pra eu poder um dia morar sem esses outros cinco), e uma feijoadinha, sábado sim, sábado não...
Sei lá se é crise temporária por superdosagem de casa de pai e mãe, quando se mora fora. Sei lá, às vezes é infantilidade mesmo, ou quem sabe energia sobrando pra protestar contra o governo e que, por falta de iniciativa, ou incentivo, é desviada a assuntos fúteis... O que importa é que eu sentei aqui muito irritada, como vocês puderam perceber, e agora estou bem mais calma.
Obrigada.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Poema em Linha Reta
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos
sábado, 12 de janeiro de 2008
Coração doente
Eu já não creio na conversa, já perdi minha esperança.
Você fala, tenta, não desiste,
Eu sei, você é gerador...
Mas eu sou pássaro, asa longa, e tô louco pra usar.
Não quero fugir pra bem longe, e ter no roteiro ligar
Só quero estar lá pra voltar
e voltar só pra ter que te abraçar
Te beijar nessa testa franzida, e dessa vida louca acalmar.
É amor, é respeito, se eu bato na mesa
é que eu sou desse jeito mesmo
Mesmo que você se engane
Mesmo que você se inflame
Pros doentes do coração, pai,
a cura é só grande amor.